EFICIÊNCIA

Por que a privatização do Banco do Brasil pode aumentar a fome no Brasil?

Wagner Nascimento explica a importância do banco público para a agricultura e denuncia ameaça de venda do BB

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Cerca de 70% dos alimentos na mesa do brasileiro vêm da agricultura familiar, financiada em grande medida pelo Banco do Brasil
Cerca de 70% dos alimentos na mesa do brasileiro vêm da agricultura familiar, financiada em grande medida pelo Banco do Brasil - Ministério do Desenvolvimento Social

Um banco público, que lucrou R$ 12,8 bilhões em 2018, divididos entre governo, políticas públicas e acionistas, e também é o principal provedor de linhas de crédito para a agricultura familiar, está ameaçado de privatização “por baixa competitividade”. Esse panorama, em que está inserido o Banco do Brasil (BB), coloca em risco a segurança alimentar de milhões de famílias.

Recém-assumido por Rubem Novaes, que se diz convencido de que “a empresa deve ser privatizada”, uma vez que se sente “com bolas de chumbo nas pernas para competir com os bancos privados”, o BB tem papel que não se resume a "dar lucro".

A agricultura familiar é responsável por 70% do que comemos. A sociedade precisa se apropriar disso porque o Banco do Brasil é o maior responsável por fazer esse tipo de financiamento. Só aí a gente já vê uma diferenciação do papel do BB com outros bancos. Além da agricultura familiar ele financia o agronegócio que exporta”, afirma Wagner  Wagner Nascimento, coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB e diretor da Contraf (Coordenação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), em entrevista ao Jornal Brasil Atual.

Segundo Nascimento, a declaração equivocada é de alguém “que chegou agora e não conhece o que é o Banco do Brasil”, que para ele tem um papel fundamental no desenvolvimento das pequenas cidades.

“Há regiões no Brasil em que o BB é responsável por 99% dos créditos do agronegócio e da agricultura. Ele também está presente em 99,6% dos municípios brasileiros, seja através de agência, posto de atendimento ou correspondente exclusivo. Tem 65 mil pontos de atendimento. Isso significa que está presente na vida de todo mundo: de aposentados, daqueles que precisam de financiamento de habitação popular, etc.”, analisa.

Para ele, a privatização deixaria uma parte considerável da sociedade “à mercê de agentes de mercado que vão cobrar muito para fazer o serviço que hoje ele faz”, deixando um lucro, que hoje é compartilhado e ajuda a garantir comida na mesa do brasileiro, na mão de poucos acionistas.

Confira a íntegra da entrevista e entenda o papel dos bancos públicos para o país.

Edição: Pedro Ribeiro Nogueira