Paraná

PREVIDÊNCIA PÚBLICA

Em Curitiba, manifestantes dizem não à reforma da previdência

"Uma reforma é necessária, mas não da maneira como ela está sendo colocada", afirma metalúrgico

Brasil de Fato I Curitiba (PR) |

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Ato encerrou-se com abraço simbólico ao redor do INSS
Ato encerrou-se com abraço simbólico ao redor do INSS - Frédi Vasconcellos

Em Curitiba, as atividades do Dia Nacional de Luta em Defesa da Aposentaria começaram cedo.

Desde às 9 horas da manhã, as centrais sindicais da cidade panfletaram e dialogaram com a população que passa pela Boca Maldita, um ponto de grande circulação de pessoas no centro da capital paranaense.

Às 11 horas, centenas de manifestantes saíram desse local e foram em caminhada até o Prédio do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que fica próximo da praça Santos Andrade, também no centro da cidade.

Diretora da Federação dos Bancários da Central Única dos Trabalhadores, Marisa Stédile, destacou a necessidade de a população estar na rua para barrar essa proposta. “Essa manifestação é essencial, porque neste momento ainda restam muitas dúvidas em relação ao projeto de Emenda Constitucional 06/19, que trata da reforma da previdência. A gente já fez uma análise e isso vai impactar negativamente a vida das pessoas, principalmente as mulheres, porque esse projeto amplia a idade mínima da aposentadoria delas", conta. Explica. "Se você pegar uma mulher hoje que tem 20 anos de trabalho e 40 anos de idade, ela ainda terá que trabalhar mais 22 anos para conseguir solicitar a aposentadoria dela. Isso é muito ruim e a gente percebe que a população ainda não está devidamente informada sobre isso”.

Diretor do sindicato dos metalúrgicos, Jurandir Ferreira explica porque decidiu vir para a rua neste momento. “A nossa revolta com essa reforma é que ela é deforma da previdência. Uma reforma é necessária, mas não da maneira como ela está sendo colocada. Achamos que a reforma deveria começar de cima para baixo, não debaixo pra cima”.

Funcionário da Bosch há 30 anos, Ferreira também diz que teme que outros metalúrgicos fiquem desempregados pela idade avançada, por terem que trabalhar mais tempo, ou que sejam substituídos pela tecnologia. Sem trabalho e tempo de contribuição, os metalúrgicos vão enfrentar ainda mais dificuldade para se aposentar.

Segundo a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a manifestação de hoje é um "esquenta" para a greve geral que os trabalhadores vão fazer caso Bolsonaro insista em aprovar essa reforma da previdência. Ao final da manhã, cerca de 300 manifestantes realizaram um abraço simbólico ao redor do prédio do INSS.

Requião presente ao ato

O ex-senador e governador do estado, Roberto Requião, compareceu em solidariedade ao ato. “Esse movimento é importantíssimo, um dos primeiros passos da rebelião e revolta da população brasileira. Não é reforma da previdência, mas um assassinato da previdência pública. Eles querem livrar a participação do patrão e entregar a massa dos recursos para os bancos privados”, denuncia.

Edição: Pedro Carrano