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EXEMPLO

Homenagem aos 100 anos de Dom José Maria Pires

Dom José foi o primeiro arcebispo negro do Brasil

22.mar.2019 às 07h00
Atualizado em 01.fev.2020 às 18h48
João Pessoa (PB)
João Fragoso
Se estivesse vivo, o bispo Dom José Maria Pires faria 100 anos no dia 15 de março.

Se estivesse vivo, o bispo Dom José Maria Pires faria 100 anos no dia 15 de março. - Reprodução

Dom José Maria Pires esteve presente em todas as sessões do Concílio Ecumênico Vaticano II, 1962 a 1965, e no final ele se comprometeu com o Pacto das Catacumbas, talvez a consequência mais cristã de todo o Concílio.

Quarenta bispos de várias partes do mundo, tendo à frente Dom Helder Câmara, tomaram uma decisão que o Concílio não tomou, na catacumba de Santa Domitila, em Roma, eles se obrigaram a viver a insegurança dos pobres, sem roupas exuberantes, sem moradias luxuosas, sem carros caros, enfim sem ostentação. Faziam parte desse Pacto os bispos paraibanos Dom Luiz Gonzaga Fernandes e Dom Antônio Batista Fragoso.

Dom José, o primeiro arcebispo negro do Brasil, fez a opção que está na vida e na prática de Jesus: escolheu os pobres como prioridade de sua evangelização, ou seja, se solidarizou com os pobres correndo o risco da própria vida, como fez em Alagamar.

Do embate entre fazendeiros e camponeses, aqueles querendo tomar a terra destes, em uma oportunidade soltaram o gado nos roçados dos agricultores. Dom José estava acompanhado de Dom Helder Câmara, arcebispo de Olinda e Recife e Dom Austregésilo, bispo de Afogados de Ingazeira. Esses três sacerdotes, armados apenas com a solidariedade, pegaram varas e enxotaram o gado, sem medo das consequências. Dessa atitude cristã, humana, corajosa, surgiu o lindo poema Cantata para Alagamar, inspiração dos três José(s), Dom José (cristão), José Kaplan (judeu) autor da música, Waldemar José Solha (ateu), autor da letra.

Dom José assumiu a Arquidiocese da Paraíba, como quarto arcebispo, em março de 1966 e passou 30 anos à frente desta instância religiosa. Lembro-me bem, quando ele chegou à João Pessoa. A recepção foi muito grande, povo, políticos, militares, autoridades. A Igreja ainda estava muito ligada ao poder. Não demorou, as elites e seu braço armado – os militares – a se frustrarem com Dom José, ou Dom Pelé, ou Dom Zumbi, pois, este não era um construtor de civilização, isto é, arquiteto de obras sociais, como universidades, colégios, hospitais e outros. Ele tinha a consciência de que sua missão era animar os cristãos na Fé, Fé entendida como adesão ao Projeto de Deus, revelado por Jesus, objetivando a convergência, a aproximação entre as pessoas. Tudo isso permeado do valor fundamental do Evangelho – a solidariedade, totalmente incompatível com os interesses do sistema capitalista.

A respeito de obras sociais, lembro-me que numa reunião da Administração da Arquidiocese, de que eu fazia parte, o Monsenhor José Trigueiro do Vale (futuro fundador do UNIPÊ – Centro Universitário de João Pessoa) levantou a possibilidade de criar uma universidade onde funcionava o Colégio Pio II. Dom José foi contrário, pois essa não era a finalidade da Igreja particular da Paraíba.

Em 1968 eu pertencia ao PCB – Partido Comunista Brasileiro, que sofria grande repressão, com prisões, torturas e mortes, mas era preciso resistir à ditadura, era fundamental levar a mensagem de resistência à população.

Chegamos a uma situação em que não tínhamos mais local seguro para nos reunirmos, então tive a ideia de nos encontrarmos no Palácio do Bispo, e após a reunião, ao sairmos da sala, também saía da sala ao lado Dom José. Não disse nada. Quarenta anos após ele me visitou em minha casa. Relembrando fatos passados eu lhe pedi perdão por ter colocado sua vida em risco. Demonstrando toda sua grandeza Dom José disse: “Você fez isso porque confiava em mim”.

Ainda no mesmo ano, como Presidente do Sindicato dos Bancários, ocorreu a edição do famigerado AI-5 – Ato Institucional nº 5, entendendo eu que, como dirigente sindical, deveria protestar contra as arbitrariedades: cassações, suspensão do habeas corpus, da inviolabilidade do lar, institucionalização da tortura (500 mortos por tortura), e publiquei no jornal do Sindicato, o manifesto a seguir:

Fui preso por 21 dias no quartel do 15ºRI, do exército, destituído da presidência do Sindicato e ameaçado todo tempo através de uma angustiante tortura psicológica. Dom José nomeou uma comissão de 4 padres para me acompanhar na prisão, a fim de evitar tortura, e fez mais, numa atitude de coragem, tão característica dele: determinou a todas paróquias da Arquidiocese que lesse o manifesto acima, nas missas do domingo.

Quando fui libertado, ele me convidou para participar da Administração da Arquidiocese, acredito eu, que esse gesto humano foi para ajudar na minha autoestima.

Eis alguns traços do bispo que esteve junto durante 30 anos, com os diocesanos de nossa Arquidiocese, seguidor da vida e da prática de Jesus, e por isso, acolhedor, solidário, construtor do Projeto de Deus.

 

 

Editado por: Heloisa De Sousa
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