Paraná

Luta pela terra

Pré-assentamento luta contra ameaça de despejo na região Oeste do Paraná

Com mais de 20 anos de luta, 11 famílias haviam recebido promessa de assentamento por parte do Incra

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Há mais de 20 anos, onze famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) formam o pré-assentamento Jangadinha
Há mais de 20 anos, onze famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) formam o pré-assentamento Jangadinha - Geani Paula

Há mais de 20 anos, onze famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) formam o pré-assentamento Jangadinha, no município de Cascavel, Oeste do Paraná, com a promessa de serem assentadas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).

Na mesma área já são assentadas 21 famílias regularizadas. Na época, o Incra afirmou  que as demais famílias sem lotes estavam prestes a se tornar parte do assentamento, e então as 11 famílias  dividiram entre si os demais lotes e foram montando o pré-assentamento, enquanto a decisão judicial não vinha.

Alegando que o valor oferecido pelo Incra era muito abaixo do esperado, o proprietário passou a pedir a reintegração da área. Após mais de 20 anos, a justiça decidiu pela reintegração de posse, prejudicando as mais de 11 famílias do local.

“Essa notícia da reintegração pegou a gente de surpresa, porque o Governo e o Incra que sempre nos deram esperança. Nos deram documentação, temos nota de produtor e CAD/PRO para poder produzir”, disse Ceandra Defacci, agricultora do Jangadinha.

Após audiência sobre a área, em fevereiro deste ano, ficou decidido a reintegração de posse e, com ela, duas famílias teriam 30 dias para desocupar o lugar e as demais 60 dias.

No dia 25 (segunda), após uma sessão da Câmara, os vereadores de Cascavel manifestaram apoio às famílias e se deslocaram até a prefeitura para conversar com o prefeito Leonaldo Paranhos e impedir o despejo. Paranhos se comprometeu em dialogar com chefe da Casa Civil do estado e tratar do assunto juntamente com representantes da comunidade e vereadores.

“Quando veio a ordem de despejo, foi desesperador. Nesta reunião não tivemos uma decisão concreta, mas houve ao menos uma luz sobre o caminho que devemos seguir”, avaliou Defacci sobre a conversa com o prefeito e os vereadores.

Produção e estruturas do local

Durante todos esses anos a comunidade cresceu e se desenvolveu no local, criando uma  grande estrutura para as famílias. A região, que serve tanto para o pré-assentamento e o assentamento, conta com capela, sala médica, centro comunitário, campo de futebol e parquinho para as crianças.

A produção na roça é o que mantém o sustento dessas famílias. De lá saem produtos para as cooperativas do MST, Ceasa e feiras, além das vendas diretas. Boa parte da produção é orgânica, cerca de nove famílias estão em processo de certificação pela Rede Ecovida.

Semanalmente, são entregues aproximadamente 2 mil quilos de produtos, entre hortaliças, tubérculos e temperos. Boa parte dessa produção é entregue para o Programa Nacional de Alimentação Escolar.

Até o momento, as famílias aguardam uma solução. Caso sejam despejadas, perderão não só as estruturas que atendem a esta região, mas também uma história com mais de 20 anos de luta.

Edição: Pedro Carrano