Paraná

Governo em crise

Para Valter Pomar, Bolsonaro é o elo fraco de um governo que permanece se ele cair

Instituto Democracia Popular promoveu evento em Curitiba com o historiador sobre a conjuntura brasileira

Curitiba |
O professor e historiador Valter Pomar define a eleição de Jair Bolsonaro como uma tríplice fraude
O professor e historiador Valter Pomar define a eleição de Jair Bolsonaro como uma tríplice fraude - Divulgação IDP

 

O professor da UFABC e historiador Valter Pomar, também voluntário na Escola Latino Americana de História e Política (ELAHP), define a eleição de Jair Bolsonaro como resultado de uma tríplice fraude, por ser uma vitória ancorada no golpe contra a ex-presidenta Dilma, na interdição da candidatura de Lula e no uso de fakenews.

Ele explica que é a eleição não de um candidato, mas da coalizão de uma ampla frente que inclui a direita tradicional, os setores médios tradicionais, o partido do judiciário, as empresas de comunicação, os grandes empresários, o partido militar, além de empresas disfarçadas de igrejas e do clã Bolsonaro. E por esse motivo que ele acredita ser uma análise imprecisa de setores da esquerda de que Bolsonaro não chega ao fim do mandato. Pomar acredita que, mesmo se ele cair, o governo Bolsonaro permanece.

Pomar acredita que esse entendimento de que o governo estaria desmoronando conduz a avaliação equivocada do que deve ser feito. Ele propõe que a saída para o enfrentamento ao governo Bolsonaro é a legitimação nas ruas das mobilizações em defesa dos direitos sociais, da soberania, das liberdades democráticas. Uma ampla frente que precisa defender interesses populares que a parte centrista da oposição não defende.

A avaliação de um setor da esquerda, de que com métodos tradicionais, basicamente parlamentares e eleitorais, seria possível derrotar Bolsonaro em 2022, para Pomar, não seria correta pois para ele Bolsonaro tem a disposição de destruir a esquerda nesse processo violento de implantação do projeto neoliberal e também a classe dominante, que se utilizou de fraude para elegê-lo, não aceita mais a esquerda vencer.

A viabilização da derrota do governo, portanto, teria que envolver muito mais do que a luta eleitoral e parlamentar. Seriam necessárias mobilizações populares, tendo como estruturante a luta popular e social. Ele acredita que é necessário que se construa outro tipo de estratégia: “Se a classe dominante está fazendo o país voltar para o início do século XX, não dá para enfrentar como nos últimos anos”, disse.

Valter Pomar apresenta quatro pressupostos e quatro questões prioritárias para ação política: os pressupostos são que a esquerda deve recuperar influência junto a classe trabalhadora; que recupere a disposição de conquistar poder; ter disposição socialista, de construção de país que enfrente o capitalismo; e a auto-organização da classe trabalhadora.

As questões prioritárias de ação política são a luta contra a Reforma da Previdência, que ele acredita ser possível de ser derrotada e que isso altera a correlação de forças no país; a defesa da soberania nacional e da paz e da Venezuela; a derrota do pacote anticrime, que ele chama de medieval; e a campanha pela liberdade do ex-presidente Lula e pela anulação da pena.

Edição: Frédi Vasconcelos