Pernambuco

Movimento Estudantil

Artigo | Em cada canto da universidade, nosso canto de resistência

Nesta última semana, o Movimento Estudantil da UPE esteve à frente da luta por segurança no Campus de Camaragibe

Brasil de Fato | Recife (PE) |
Estudantes da UPE em protesto por segurança no campus universitário
Estudantes da UPE em protesto por segurança no campus universitário - Laleska | UJS Recife

Estamos vivenciando, diariamente, vários ataques à educação, principalmente no que se refere à autonomia e financiamento das instituições públicas de ensino, em especial as já precarizadas, como as estaduais. Na Universidade de Pernambuco (UPE), o cenário de insegurança financeira é constante e se reflete na precarização de investimento na ciência, tecnologia, estrutura, segurança e gastos básicos. Nesta última semana, vivenciei ao lado de companheiras e companheiros do Movimento Estudantil, a luta para a melhoria de segurança do Campus de Camaragibe da UPE, que pulsou a mensagem sobre a importância de estarmos organizados diante de tantos retrocessos.
O Campus da Faculdade de Odontologia (FOP), sofre diariamente com a falta de segurança. Casos como desova de corpos, trocas de tiros, arrombamentos da biblioteca, direção e diretório acadêmico e roubos à mão armada são constantes práticas, que refletem na insegurança dos estudantes, os fazendo muitas vezes não vivenciarem a universidade por precisarem sair do campus com mais segurança, por não haver sequer guarda patrimonial mais.
É importante ressaltar que, para além dos estudantes, há também uma exposição dos 400 pacientes, em média, que ali são atendidos diariamente em clínica pelos estudantes da universidade, como também dos estudantes da escola Estadual Santa Apolônia e a própria comunidade que lá também habita. 
Há algumas semanas, mais um caso de assalto à mão armada com três estudantes mulheres ocorreu às 12h30, logo em frente à escadaria principal, levando um carro e materiais básicos de práticas avaliados em 15 mil reais.
Com isso, o Diretório Acadêmico de Odontologia convocou para o dia seguinte, junto ao Diretório Central dos Estudantes (DCE), uma assembleia com a ordem deliberativa de greve, até que as pautas básicas de segurança fossem atendidas. Foi realizado um ato, que partiu da sede do DCE-UPE, do campus Santo Amaro, para a Secretaria de Defesa Social (SDS) e em mãos um documento para ser entregue com nossas propostas.
Concomitantemente, também ocorreu outra reunião na FOP com o reitor, secretário da SDS, um representante do Batalhão de Camaragibe, a diretora da Faculdade e representantes do Diretório Acadêmico. Em ambas reuniões, conseguimos a garantia de pautas concretas como rondas de policiais voluntários do Programa de Jornada Extra de Segurança (PJES) durante 8h em dias úteis; rondas em 3 horários; ônibus da Tabatinga com acesso à FOP; credenciamento das pessoas ao entrar no prédio; fechamento de algumas entradas da FOP; e serviços para manutenção como capinagem e iluminação. 
Esta semana intensa provou para o Movimento Estudantil da FOP que com organização, dedicação e luta, conseguiremos avançar nas pautas que almejamos para a universidade e sociedade. Foi um exemplo pedagógico claro de que a ação faz a organização, como já dito pelo guerrilheiro Carlos Marighella. Agora, nosso desafio é a construção da caravana do DCE que tem como lema "Em defesa da UPE autônoma, democrática e financiada". Percorreremos por todo o estado colocando em debate a Universidade de Pernambuco e temas como saúde, educação, ciência e tecnologia, de acordo com o perfil de cada cidade. 
Estamos a caminho das conquistas e avanços que sonhamos para nossa universidade e, com certeza, passos firmes como estes servem para coesionar e nos encher de esperança sobre a força do Movimento Estudantil. O movimento estudantil da UPE, continua firme e pronto para, em resistência, encender de luta cada canto da universidade.

*Coordenadora Geral DCE-UPE e Militante do Levante Popular da Juventude

Edição: Marcos Barbosa