Paraná

Arbitrariedade

Processo Administrativo Disciplinar aberto na UFPR pode culminar na exoneração

Docentes de Palotina que nominalmente votaram em uma proposta que desagrada chefias estão sofrendo perseguição

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Nesta semana, os cinco professores que se posicionaram contra arbitrariedade receberam o processo administrativo disciplinar (PAD)
Nesta semana, os cinco professores que se posicionaram contra arbitrariedade receberam o processo administrativo disciplinar (PAD) - Divulgação

Cinco docentes de um departamento de Palotina que nominalmente votaram, na reunião de departamento, em uma proposta que desagradava as chefias de departamento e do setor, estão sofrendo perseguição por meio de um processo administrativo disciplinar.

Um dos docentes denunciou que a punição foi aplicada porque votar contra os interesses das chefias foi considerado indisciplina, desrespeito às normas e assédio moral ascendente.

Nesta semana, os cinco professores que se posicionaram contra essa arbitrariedade receberam o processo administrativo disciplinar (PAD), sob acusação de violação de normas internas, assédio moral ascendente e desobediência hierárquica.

O caso aconteceu a partir da mudança do curso de Tecnologia para Engenharia. Com a alteração, o Setor Palotina precisou aumentar a carga horária, com adição de novas disciplinas. No entanto, a medida não foi acompanhada pela contratação de novos docentes.

Assim, o departamento teve que ofertar disciplinas de outra área com um quadro docente sem a formação necessária para ministrar as aulas. Nenhum dos docentes têm formação ou desenvolve pesquisa na área exigida pela nova demanda. Os concursos nos quais foram aprovados também não previam a ministração desses conteúdos.

Segundo o  APUFPR-SSind, com essa lógica de processos contra docentes, os colegiados deveriam abrir mão de princípios democráticos elementares e da própria autonomia intelectual para agir como meros acatadores de demandas que lhes são impostas. "Também é surpreendente que a condução de todo este processo privilegie mais o rito adotado pelo departamento para buscar uma solução do que a própria apreciação do mérito. Além disso, não se considera a louvável preocupação dos docentes com a qualidade do ensino das disciplinas que estão sob sua responsabilidade. Abrir processo contra docentes da universidade que adotaram uma postura zelosa da qualidade de ensino é ferir de morte a democracia interna da universidade (...)", firmam em nota.

 

Edição: Laís Melo