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Análise

Artigo | A força crítica do grupo de teatro Dolores e os impasses do tempo

Espetáculo "Rolezinho" inverte a mitologia indígena do Boitatá como metáfora da força devoradora do capital

23.abr.2019 às 15h03
São Paulo (SP)
Paulo Bio Toledo
Grupo de teatro Dolores Boca Aberta ocupa espaço público na zona leste da capital paulsita há duas décadas

Grupo de teatro Dolores Boca Aberta ocupa espaço público na zona leste da capital paulsita há duas décadas - Divulgação

“Rolezinho” é o último espetáculo do grupo de teatro Dolores Boca Aberta que, há quase duas décadas, ocupa e vitaliza um espaço público na zona leste de São Paulo, o Clube da Comunidade (CDC) Vento Leste.

Desde a fundação, o teatro é ali uma espécie de instrumento para debater as implicações concretas e subjetivas do capitalismo na vida do trabalhador. Com atenção para as configurações ainda mais monstruosas que tal lógica ganha nas zonas periféricas da cidade.

Na organização estética de “Rolezinho” são visíveis estes imperativos políticos que organizam as práticas do coletivo. Partindo de uma inversão da história da antiga mitologia indígena do Boitatá (já anotada pelo Padre Anchieta ainda nos primórdios do século XVI), o grupo vê o monstro de olhos flamejantes não mais como criatura protetora, mas como metáfora da força devoradora do capital.

Trata-se de um monstro que teria desarmonizado a ordem primitiva da natureza, monopolizado seus recursos e criado uma rede de submissão em troca de água. Mas o Boitatá não é apenas o capital monopolista, é também uma alegoria de sua dominação simbólica e subjetiva: a dominação do imaginário, a interdição ideológica de qualquer sonho de mudança. Em troca da água ele devora os olhos dos outros animais, ou seja, devora qualquer possibilidade de esclarecimento crítico, a chance de ver além.

No espetáculo a narrativa fabular do mito é o ponto de partida para uma coleção de cenas que empilham imagens da exploração, do arbítrio e da miséria ao longo da história do Brasil. Do genocídio indígena ao neofascismo bolsonarista, breves cenas vão sintetizando a amplitude desta opressão do imaginário ao longo de um rolezinho pela história do país. 

São cenas, entretanto, que, se têm o potencial sintético de sobrevoar a história mostrando a incidência ininterrupta deste espírito terrível do capital, também reproduzem uma lógica fragmentada e superficial derivada do mesmo sistema que se quer criticar. Enquanto mostram como a tecnologia e o mundo de redes sociais enreda consciências, elas também aparecem com a velocidade e superficialidade de um meme. São máximas perspicazes da crítica social, mas já muito repisadas e com pouco esforço de aprofundamento ou conexão entre a ideia e a vida objetiva de quem trabalha.

Por outro lado, o trabalho de figurinos e adereços mostra grandes alegorias da opressão, como o trabalhador que carrega o mundo nas costas, eterno Atlas operário. A inventiva composição estética do grupo faz da força de sintetização do carnaval inspiração para estas alegorias que congregam em si imagens marcantes da opressão diária e da interdição de uma vida livre e criativa no mundo da mercadoria. A alegoria aparece como imagem de uma cicatriz social, uma permanência desumanizadora.

Além disso, a estrutura coletiva do grupo, a gestão colaborativa de um espaço público e a vontade de multiplicação do pensamento crítico aparecem como uma forma de contraponto à lógica de dominação apresentada de forma crítica durante o espetáculo.

O coletivo Dolores Boca Aberta compõe afinal o movimento de expansão de grupos na cidade de São Paulo que desde o final da década de 1990 desbravaram nova vida crítica na cidade e levantaram a bandeira das células coletivas de produção fora da lógica da mercantilização da cultura.

Entretanto, hoje a maior parte destes grupos já não são o que foram.

Impelidos pelo acirramento da pressão do capital sobre as vidas e por uma lógica regressiva de sobrevivência, a maioria abandonou o trabalho coletivo ou mesmo a vontade de atuar de forma crítica no mundo da mercadoria. Crises, desmanches e lances autoritários na autogestão do trabalho estético parecem refletir os impasses de um tempo cada vez menos fértil para este tipo de experiência.

Talvez a última fronteira do teatro de grupo seja a que atua nas margens da cidade. Mas mesmo estes parecem estar perdendo potencial de multiplicação, conexão com o entorno e força expansiva. Isto apesar de obstinada resistência (e persistência), como a do Dolores.

Ainda que haja avançada composição artística neste “Rolezinho”, paira ali certa dificuldade para realizar socialmente a potência carnavalizante e insubmissa que se inscreve em sua estética (e que o fenômeno dos rolezinhos anunciou no final de 2013). Sobra então uma sensação de melancolia adensada pelo entorno silencioso do bairro periférico. Há um espírito do tempo que parece estar além, ou aquém, dessa experiência histórica em São Paulo.

Editado por: Aline Carrijo
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