acordo coletivo

Dissídio será julgado nesta segunda (6) e pode definir situação de metroviários

Contra reajuste zero, corte de benefícios e privatização, trabalhadores haviam anunciado paralisação para terça (7)

São Paulo | Brasil de Fato (SP) |
Categoria tem assembleia marcada para a noite desta segunda (6), após audiência de dissídio
Categoria tem assembleia marcada para a noite desta segunda (6), após audiência de dissídio - YASUYOSHI CHIBA / AFP

O julgamento do dissídio da categoria dos metroviários de São Paulo foi marcado para esta segunda-feira (6), às 16h30, na Justiça do Trabalho. O Sindicato dos Metroviários de São Paulo foi notificado também nesta segunda pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) e convocou assembleia para às 18h30, quando a categoria deve decidir se mantém a paralisação de 24h marcada para terça-feira (7).

Os metroviários estão mobilizados pelo acordo coletivo desde o começo de abril e haviam decidido por paralisar as atividades contra a proposta de reajuste zero anunciada pela Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) no dia 28/03. 

Além disso, o Metrô também propõe cortes no plano de saúde dos funcionários, redução do pagamento das horas extras e do adicional pelo trabalho noturno, o fim da mensalidade associativa ao sindicato e a possibilidade de flexibilização da jornada de trabalho.  

Na quinta-feira (2), o TRT havia determinado, durante audiência conciliatória, como “tutela de urgência”, a aplicação do reajuste salarial com base no índice IPC-Fipe na folha de pagamento de maio sobre todas os pontos econômicas e a prorrogação de todas as cláusulas do atual Acordo Coletivo até o final das negociações.

Entretanto, como não houve acordo sobre as demais reivindicações dos metroviários, a mobilização foi mantida pela assembleia da última sexta (3).

Catraca livre?

Como forma de pressionar o governo, os metroviários propuseram que durante a possível greve as catracas fossem liberadas e os funcionários trabalhassem sem receber, mantendo fluxo normal nos trens e estações.

Acho justíssimo abrir as catracas, porque quem vai tomar prejuízo é o governo, [e] o governo vai ter que ceder. É injusto o governo cobrar R$ 4,30. Imagine você um marreteiro, um pintor, um pedreiro, pagar [isso] todo dia para usar o metrô", diz Romualdo Gonçalves Dias (43), técnico de som que usa o metrô com frequência. 

Amanda Alencar, de 23 anos, é professora de musculação e usa o serviço todos os dias, passando pela Linha Amarela e pela Linha Verde. Ela também apoia a mobilização: "Acho a melhor opção, porque assim não atrapalha o fluxo de ninguém. Acho que quem está certo são os funcionários. Não tem que tirar mais do que já tiram da gente, o salário deles deveria ser valorizado”, afirma. 

G.A, que não quis se identificar, é segurança em uma estação da Linha 3 - Vermelha. Para ele, o problema reside no engessamento das negociações entre o Sindicato e o Metrô. 

“A grande dificuldade da negociação entre metrô e sindicato é que o metrô não tem alguém que seja capacitado para negociar mesmo. Tudo que o sindicato propõe, o TRT [Tribunal Regional do Trabalho] concorda e até aumenta, aí o metrô põe ‘enrolões’, que não tem autonomia para bater o martelo, e eles levam tudo para o secretário, e o secretário para o governador. É um jogo de empurra-empurra”, diz ele 

O funcionário também aponta uma injustiça na maneira como o corpo funcional da Companhia é tratado: “A mídia fala e a culpa recai sobre os funcionários, quando o problema é a incompetência da administração. O quadro operativo é um terço do administrativo, é uma vergonha. Um terço do administrativo poderia fazer o serviço, mas eles sempre mandam embora o operacional, e o operacional não tem gente suficiente”, conclui ele. 

Edição: Rodrigo Chagas