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Dilma diz que processará Bolsonaro: "Ele será cobrado por suas mentiras"

Esta semana, Jair Bolsonaro causou revolta na ex-presidenta ao declarar que ela tem as "mãos manchadas de sangue"

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Dilma: 'Minhas mãos estão limpas e foram fortalecidas, ao longo da vida, pela militância a favor da democracia'
Dilma: 'Minhas mãos estão limpas e foram fortalecidas, ao longo da vida, pela militância a favor da democracia' - Roberto Stuckert Filho

A ex-presidenta Dilma Rousseff afirmou que vai processar o presidente Jair Bolsonaro (PSL) por suas declarações nos Estados Unidos. Nessa quarta-feira (15), ele disse que "quem até há pouco ocupava o governo teve em sua história suas mãos manchadas de sangue na luta armada". A declaração foi classificada por Dilma como "caluniosa e mentirosa"

A fala do presidente é um ataque à participação de Dilma na resistência à ditadura civil-militar. Em nota, ela ressalta que não participou "de atos armados ou ações que tivessem ou pudessem levar à morte de quem quer que seja". "A própria Justiça Militar -- as auditorias, o STM e até o STF -- em todos os processos que foram movidos contra mim, comprovaram tal fato."

"O senhor Bolsonaro responderá no juízo criminal e cível por mais essa leviandade contra mim. Ele não poderá se escudar no cargo de Presidente da República e irá ser cobrado por suas mentiras, calúnias e difamações", publicou ela. A ex-presidenta lembra que Bolsonaro homenageou, na Câmara dos Deputados, militares que tem "suas mãos manchadas do nosso sangue -- militantes brasileiros e brasileiras – pelas torturas e assassinatos cometidos contra nós", afirmou Dilma.

Leia a nota completa:

O senhor Jair Bolsonaro, imerso em seu  mundo de fake news mostrou mais uma vez seu despreparo para dirigir o País e representá-lo internacionalmente.

Impondo sua presença constrangedora onde não é bem-vindo, e nem sequer é convidado, este senhor que infelizmente dirige o Brasil fez, em Dallas, uma declaração mentirosa e caluniosa sobre minha história política.

Durante a resistência à ditadura — e muito menos no período democrático —, jamais participei de atos armados ou ações que tivessem ou pudessem levar à morte de quem quer que seja. A própria Justiça Militar — as auditorias, o STM e até o STF — em todos os processos que foram movidos contra mim, comprovaram tal fato. Os autos respectivos documentam isso. Ao contrário dos heróis e homenageados pelo senhor Bolsonaro que, durante a ditadura e depois dela, tiveram  suas mãos manchadas do nosso sangue – militantes brasileiros e brasileiras – pelas torturas e assassinatos cometidos contra nós.

Minhas mãos estão limpas e foram fortalecidas, ao longo da vida, pela militância a favor da democracia, da justiça social e da soberania nacional. Foi esta luta que me levou à Presidência da República, cargo que honrei representando dignamente meu País, sem me curvar a qualquer potência estrangeira, respeitando todas as nações, da mais empobrecida à mais rica.

Se o senhor Bolsonaro quer se ocultar do “tsunami” das investigações que recaem sob seu clã, a partir da abertura dos vários sigilos, não me use como biombo, nem tampouco menospreze os cidadãos e cidadãs que foram às ruas do País em defesa de uma educação de qualidade.

Senhor Bolsonaro, as ruas estão cheias porque ao se dispor, com seu ministro desinformado, a destruir a educação, vocês estão tirando a esperança de melhores dias para milhões de estudantes já beneficiados e também os que poderiam sê-lo pela expansão e interiorização das universidades e institutos federais de educação. Oportunidades de acesso ao ensino superior que foram proporcionadas pelos nossos governos do PT em todo o País.

“Idiotas úteis” são aqueles que esquecem um ditado popular: “a mentira tem pernas curtas”. O senhor Bolsonaro responderá no juízo criminal e cível por mais essa leviandade contra mim. Ele não poderá se escudar no cargo de Presidente da República e irá ser cobrado por suas mentiras, calúnias e difamações.

Edição: Rede Brasil Atual