Violência

Caminhada na Guamá homenageia 11 vítimas de chacina em Belém (PA)

Assassinatos ocorreram no último dia 19, cerca de dois anos após o massacre de Pau D'Arco (PA)

Brasil de Fato | Belém (PA) |

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A caminhada foi organizada pelos próprios moradores e teve 11 paradas em lugares simbólicos do bairro
A caminhada foi organizada pelos próprios moradores e teve 11 paradas em lugares simbólicos do bairro - Foto: Setor de comunicação/MST PA

No último domingo (26), as ruas de Belém (PA) receberam a caminhada: “Guamá Pela Paz”. O ato, que reuniu com 500 pessoas do bairro e da região, foi realizada em protesto pela chacina que vitimou 11 pessoas, seis mulheres e cinco homens no dia 19 de maio.

A caminhada foi organizada pelos próprios moradores e teve 11 paradas simbólicas em lugares importantes do bairro. No bar onde ocorreu a chacina, os moradores acenderam velas, deixaram cruzes em memória às vítimas, fizeram orações e pedidos. 

“Achei importante a manifestação. Estamos todos com medo de sair às ruas, por nós e nossos filhos, por isso, toda manifestação é importante pra fortalecer nossa luta”, disse Nazaré Santos, moradora do bairro.

Durante o ato, a coordenação também reforçou o convite aos moradores para participar do ato em defesa da educação em Belém no próximo dia 30.

Violência 

A chacina, que também repercutiu internacionalmente, ocupou durante dias as manchetes dos principais veículos de comunicação do estado.

Segundo testemunhas, sete pessoas encapuzadas entraram no bar atirando. Oito pessoas já foram identificadas e estão diretamente envolvidas no crime. Sete já estão presas, a maioria são policiais. Os motivos do crime ainda não foram esclarecidos.

O estado do Pará lidera o ranking brasileiro de assassinatos no campo e nas periferias. Na mesma semana em que a população recorda dois anos do massacre de Pau D´arco, em que 10 trabalhadores rurais foram mortos na região sudeste do Pará, em Belém (PA), a periferia chora a morte de mais 11 pessoas.

Realidade

No ato, os moradores do Guamá também denunciaram a falta de políticas públicas e a exclusão social da maioria da população belenense. Levantamentos feitos com base em dados de instituições como o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam Belém como uma das piores capitais com saneamento básico do país. 

A história do bairro

Guamá é o nome de um rio, que significa “Rio que chove”. O bairro do Guamá, às margens da Baía do Guajará, nasceu com a criação um leprosário e conviveu desde o início o século 18 com religiosos que criavam abrigos e hospitais para os necessitados. 

O local também se transformou em abrigo de escravos rejeitados pelos senhores escravistas do Grão-Pará. Era conhecido como Lugar dos “amaldiçoados” do período da “Belle Époque” da Amazônia.

O tempo passou e hoje o Guamá é o bairro mais populoso da capital paraense, abrigando a maior universidade pública da Amazônia, a Universidade Federal do Pará (UFPA), e uma da mais antigas bibliotecas comunitárias do país, o Centro Comunitário Nossa Biblioteca.

Edição: Daniel Giovanaz