COOPERAÇÃO INTERNACIONAL

Venezuela recebe carregamento de 69 toneladas de medicamentos da China

É o quarto envio de remédios e materiais de cirurgias apenas neste ano; total é de 269 toneladas

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |

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Assistência Técnica Humanitária entre a Venezuela e a China garante a entrega de 269 toneladas de remédios
Assistência Técnica Humanitária entre a Venezuela e a China garante a entrega de 269 toneladas de remédios - Foto: Ministério da Saúde da Venezuela

Nesta segunda-feira (26), a Venezuela recebeu uma remessa de 69 toneladas de medicamentos e materiais hospitalares vindas da China por meio de um convênio firmado entre o país e o gigante asiático. “Esse é o quarto carregamento de insumos médicos que recebemos. Eles serão distribuídos de forma imediata na rede do sistema público de saúde”, afirmou o ministro de Saúde da Venezuela, Carlos Alvarado.

Segundo informações do Ministério da Saúde da Venezuela, cerca de 70% dos medicamentos recebidos da China serão enviados aos centros de abastecimento dos estados de Miranda (norte), Anzoátegui (nordeste), Lara e Barinas (centro), para serem distribuídos às redes ambulatórias e hospitalares do país. Uma parte desse montante será distribuída à rede de Farmácias Comunitárias, por meio do Sistema de Saúde Integral Comunitária (Asic). Já os outros 30% serão direcionados ao Instituto do Seguro Social (que cuida da saúde dos trabalhadores de modo geral).

O envio de medicamentos para a Venezuela faz parte do acordo de Assistência Técnica Humanitária assinado entre os dois países no final de março deste ano, totalizando até o momento 269 toneladas. Além disso, a Venezuela já recebeu outras 425 toneladas de medicamentos através de organismos internacionais como a Cruz Vermelha e do governo da Rússia.

O governo também realizou compras de remédios no valor de 104 milhões de dólares nos últimos três meses. O último carregamento deverá chegar na próxima semana.

Alianças

As parcerias feitas pela Venezuela com os governos da Rússia e da China são realizadas por meio de um convênio com a Organização Pan-Americana da Saúde, assim como aconteceu com o programa Mais Médicos, no Brasil.

Esses acordos de cooperação foram feitos no contexto do bloqueio econômico dos Estados Unidos contra a Venezuela que, além de deixar prejuízos de bilhões de dólares bloqueados no exterior, impede a importação de medicamentos.

O governo venezuelano expressou disposição para receber assistência por canais legais, em contraposição à "ajuda humanitária" dos EUA, que tentou entrar no país por “meios violentos” na fronteira com a Colômbia.

Medicamentos que chegaram da China vão abastecer sistema público de saúde | Foto: Ministério da Saúde da Venezuela

Combate à corrupção

Em uma entrevista à imprensa venezuelana, nesta terça-feira (28), o ministro da Saúde afirmou que o governo vai concentrar os esforços no combate à corrupção, que afeta alguns órgãos de saúde, para garantir que os remédios vão chegar à população. Alvarado informou ainda que 35 funcionários com altos cargos no governo foram presos nos últimos dias acusados de desvio de medicamentos.

A ideia é incorporar a sociedade nos conselhos dos hospitais para assim poder fiscalizar. “Estamos impulsionando, por instruções do presidente Nicolás Maduro, a participação direta do poder popular nos conselhos de direção dos hospitais e que nos ajude a fiscalizar a distribuição dos insumos que chegam”, disse o ministro.

Ele também explicou que, como o sistema de saúde público da Venezuela está dividido em 593 Áreas de Saúde Integral Comunitária, a ideia é fazer os medicamentos chegarem a cada uma delas criando um sistema de farmácias. “Nossa proposta é ter uma farmácia pública em cada uma dessas unidades, para que os remédios possam chegar a todas as pessoas”, destacou. Atualmente os insumos são distribuídos em hospitais públicos e centros de atendimento primário.

Edição: Pedro Ribeiro Nogueira