Pernambuco

CINEMA

Opinião | Cineclube: cinema como pedagogia de luta

Os encontros mensais têm ocorrido em meio as obras de construção do Armazém do Campo

Brasil de Fato | Recife (PE) |
O curso tem se construído na pedagogia da alternância, que intercala o período de convivência na sala de aula com outro no território
O curso tem se construído na pedagogia da alternância, que intercala o período de convivência na sala de aula com outro no território - Pedro Severien

Nos últimos meses, temos experimentado em Recife um encontro grandioso entre dois grupos supostamente distintos, o movimento popular e as organizações de cinema. Entre encontros, reuniões, conversas foi se gestando uma proposta de formação de cineclubistas para os movimentos populares. As organizações de cinema Associação Brasileira de Documentaristas (ABD), Associação Pernambucana de Cineastas (Apeci) e Mulheres no Audiovisual de Pernambuco (MAPE) entram com sua experiência, a técnica e trazem parcerias com entidades como Federação Pernambucana de Cineclubes (Fepec), e os movimentos populares com os articuladores, militantes e bases nos territórios. O curso tem se construído na pedagogia da alternância, que intercala o período de convivência na sala de aula com outro no campo/território onde se experimenta na prática a formação teórica.
Os encontros mensais tem ocorrido em meio as obras de construção do Armazém do Campo, espaço do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que será inaugurado nos dias 30, 31 de maio e 1 de junho para comercialização de produtos da Reforma Agrária e da Universidade Popular Gregório Bezerra. 
O curso está em andamento e só termina em agosto, já foram realizadas duas etapas gerais, formações como o curso Sensibilidade e militância: programação em cinema e a luta por visibilidade, liberdade e justiça, com a professora Amaranta César e as exibições aos poucos, porém, mais rápido que esperávamos estão acontecendo, gerando novas questões, problemas, relações, ações.  
 O projeto foi batizado de Movimenta Cineclube e Organização Popular. O nome veio fácil, porque expressava um reconhecimento e um desejo mútuo de intervir na realidade por meio da formação e da organização da consciência popular, num momento em que essa disputa tem se dado cada vez mais forte por meio das distorções, das fake news e da desinformação. São os primeiros passos do projeto. E o que é um projeto senão a percepção de um presente somada à ação de sujeitos que ousam projetar e construir um futuro?  
E tem movimentado, acendido esperanças, encontros, desejos de tal forma que estão envolvidos aproximadamente 40 bairros da Região Metropolitana do Recife. São distintos os compassos, cada um no seu tempo, mas todos juntos, caminhando na urgente busca de se organizar, pelo conhecimento, pela cultura e pela formação de consciência, pela luta!
 

*Diva Braga compõe a coordenação do Moviemnta Cineclube e é militante da Frente Brasil Popular e da Consulta Popular

Edição: Monyse Ravenna