CRISE

PIB brasileiro cai 0,2% no primeiro tri puxado por queda na indústria e agropecuária

IBGE diz que crime de Brumadinho impactou resultado; economistas criticam política econômica de Paulo Guedes

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Jair Bolsonaro e seu ministro Paulo Guedes
Jair Bolsonaro e seu ministro Paulo Guedes - Isac Nóbrega/PR

O Produto Interno Bruto (PIB), que representa o total de bens e serviços produzidos no Brasil, teve uma queda de 0,2% no primeiro trimestre de 2018, segundo divulgou nesta quinta-feira (30) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

É o primeiro resultado negativo desde o quarto trimestre de 2016, quando houve uma retração de 0,6%. Puxando o declínio está a Agropecuária (-0,5%) e a Indústria (-0,7%), enquanto os serviços subiram 0,2%.

A baixa na indústria, para o IBGE, foi por conta da queda da indústria extrativa (-6,3%), que sentiu o impacto econômico do crime socioambiental de Brumadinho e “o consequente estado de alerta de outros sítios de mineração [que] afetaram todo o setor”, de acordo com a gerente de Contas Trimestrais do IBGE, Claudia Dionísio.

As indústrias de transformação (-0,5%), construção (-2,0%), comércio (-0,1%) e transportes e armazenagem (-0,6%) passaram pelas maiores retrações. “Essas atividades dependem em grande parte da produção industrial e refletem sua performance no trimestre, que foi negativa para todas as categorias econômicas”, aponta Claudia Dionísio ao portal do IBGE.

Na Agropecuária, safras importantes como soja (-4,4%) e arroz (-10,6%) tiveram resultados negativos enquanto pecuária bovina e milho subiram.

A alta em Serviços foi puxada pela variação positiva da comunicação (0,3%) e atividades financeiras (0,4%). Em valores totais correntes, o PIB brasileiro está em R$ 1,714 trilhão, sendo R$ 251,5 bilhões referentes aos Impostos sobre Produto Líquidos de Subsídios.

Pessimismo

Divulgado nesta segunda-feira (27), o Boletim Focus estimou um aumento de 1,23% no PIB para 2019; em janeiro, a expectativa era de um crescimento de  2,6%. Foi a 13ª vez consecutiva que a previsão foi rebaixada.

“Nada daquilo que foi prometido está sendo cumprido. A economia não retomou, o PIB não está crescendo, o consumo não está se realizando. Só se garante uma retomada – sem falar de desenvolvimento, só de crescimento – se houver uma garantia para o empresariado de que a demanda [dos consumidores] se mantém no tempo”, disse, ao Brasil de Fato, em matéria publicada nesta terça-feira (27), o doutor em economia Paulo Kliass, que acredita que o programa liberal do ministro da Economia pode aprofundar a crise.

Para ele, o principal vetor para a retomada da atividade econômica não se encontra, como pensa Paulo Guedes, no lado da oferta, ou seja, na redução de encargos trabalhistas ou previdenciários impostos aos empresários. Investimentos privados acontecem quando há expectativa de que produtos e serviços serão comprados. Para que os produtos sejam comprados, é necessário que as pessoas tenham renda.

“Para você reativar a economia você precisa reativar a renda – salário e emprego ou benefícios sociais. O desemprego e subemprego estão cada vez maiores, o salário médio não cresce e, para piorar, os benefícios monetários vão ser reduzidos com a reforma da previdência, não se tem fonte duradoura e prolongada de receita para as pessoas”, avaliou Guilherme Mello, professor de Economia da Unicamp.

Edição: Pedro Ribeiro Nogueira