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POLÍTICA

Em Duque de Caxias (RJ) lei municipal retira benefícios de servidores públicos

Penalidade por falta, alteração de pensões por morte e revogação de licenças para estudo preocupam profissionais

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Protesto contra lei que altera benefícios dos servidores marcou sessão na Câmara Municipal de Duque de Caxias
Protesto contra lei que altera benefícios dos servidores marcou sessão na Câmara Municipal de Duque de Caxias - SEPE/Duque de Caxias

Um Projeto de Lei aprovado na Câmara de Vereadores de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, dificulta que servidores municipais tirem férias, altera o tempo de pensão por morte e revoga licenças especiais e para estudo. Sob protesto de ativos e aposentados que lotaram o plenário da casa legislativa, a matéria foi aprovada em poucos minutos em sessão na última terça-feira (28) com apenas cinco votos contrários.

A alteração de vários pontos da Lei Municipal nº 1506 de 2000 sobre o regime jurídico dos servidores preocupa profissionais concursados da saúde e educação que já tem problemas de atraso no pagamento e falta de reajuste salarial.

Para a professora Maria Cândida Almeida, coordenadora do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (SEPE), Núcleo Duque de Caxias, a mudança na lei passa a cobrar dupla penalidade por falta, inclusive por licença médica e acidente de trabalho.

“A falta já é descontada e não recebemos pelo dia. Além disso, ele quer que a pessoa depois de ser descontada também pague no período de férias. O mais absurdo é que isso inclui alguns tipos de licença médica e casos de acidente de trabalho. Ou seja, a pessoa se acidenta no trabalho, tirou licença, foi descontada e depois tem que pagar esses dias duplamente”, explica.

Sem calendário de pagamento e acumulando dívidas com o banco, a servidora Márcia Carvalho alerta que a consequência de retirar benefícios básicos do funcionalismo municipal deve recair sobre a população de Caxias. “Nós da saúde estamos há quatro anos sem um centavo de aumento e recebendo a cada 45 dias”. Ela conta ainda que o salário de abril só foi pago no final do maio.

“É um projeto muito devastador e quem sofre com isso é a população. O funcionário vai querer exoneração, tentar ser melhor reconhecido pelo trabalho em outro lugar”, completa Márcia que é diretora do Sindicato dos Técnico e Auxiliares de Enfermagem de Duque de Caxias e da Associação dos Servidores do Município. Junto ao SEPE, os servidores estão analisando fatores ilegais nas mudanças para encaminhar à Justiça.

Questionada sobre os benefícios da alteração da Lei 1506/2000 para os servidores, a prefeitura de Duque de Caxias respondeu que está adequando o orçamento e as despesas do município “à realidade financeira do país”. “Por este motivo, algumas medidas econômicas estão sendo tomadas, de acordo com o que é permitido por lei”, disse em nota.

Aposentados

Há três anos sem reajuste e sem o 13º do ano passado, uma aposentada que preferiu não ser identificada lamenta o trato da prefeitura com quem dedicou a vida inteira ao trabalho. “É uma situação muito difícil, não estou bem de saúde e precisando de dinheiro. Fico contando os trocados pra comprar os remédios. Sinceramente, estou em uma fase bem difícil. Quem não pode trabalhar mais pra ele [prefeito] é trapo”, desabafa a idosa que também está sem o pagamento de abril e maio.

O Instituto de Previdência dos Servidores Públicos do Município de Duque de Caxias (IPMDC) informou que realizou na última terça (4) o pagamento referente ao mês de abril, totalizando mais de 40% dos pensionistas da folha. Com relação ao 13º, uma parte dos servidores inativos foi contemplada em fevereiro, mas a prefeitura não um deu prazo para o restante. “Por determinação do prefeito Washington Reis (MDB), o pagamento dos funcionários tem sido tratado como a principal prioridade do governo”, finaliza a nota.

Edição: Vivian Virissimo