COBRANÇA

Promessa de abono em SP não saiu do papel, dizem servidores municipais

Em março, Bruno Covas (PSDB) prometeu pagar R$ 200 a mais nos salários , para amenizar perdas, mas nada aconteceu

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Servidores municipais reunidos em frente à Prefeitura na manhã de hoje (6)
Servidores municipais reunidos em frente à Prefeitura na manhã de hoje (6) - Marcos Hermanson

Servidores municipais dos níveis básico e médio protestaram nesta quinta-feira (6) na frente a Prefeitura de São Paulo contra o descumprimento da promessa de abono salarial temporário feita em março deste ano pelo prefeito Bruno Covas (PSDB), após uma greve de 33 dias.

Na ocasião, o prefeito informou que um abono salarial de R$ 200 mensais seria conferido a todos os servidores ativos até que as mesas de negociação com a categoria se concluíssem. Três meses depois, a proposta do tucano sequer foi encaminhada à Câmara. 

“É um descaso com os trabalhadores. Eles só chamaram a mesa [de negociação de hoje] porque nós fizemos pressão na Câmara. Se não tiver resposta, temos uma tendência de paralisação do nível básico e médio da prefeitura. Se paralisar, os serviços acabam não funcionando”, diz Ségio Chulapa, presidente do sindicato dos servidores (Sindsep).

Além de exigir o cumprimento da promessa, os sindicalistas reivindicam o pagamento do abono também aos servidores aposentados, mais reajuste salarial de 40%. O piso dos servidores do nível básico é de R$ 755. No nível médio, é R$ 920. 

Sérgio Antiqueira, presidente do Sindicato, discursa durante manifestantes (foto: Marcos Hermanson)

“Nós não somos nada. Não querem escutar a gente, não querem conversar. Na prefeitura, os agentes de gestão e de apoio são em torno de 12 mil. É uma categoria que faz a diferença”, diz Ana Cristina Santos, que trabalha na Autarquia Hospitalar Municipal. 

Adilson Saraiva trabalha na Regional da Sé. Ele fala da situação difícil dos servidores: “O último ajuste salarial que nós tivemos foi em 2008. A gente fica se virando, [pega] empréstimo consignado, enrola uma dívida com a outra”. 

Muitos de seus colegas, ele diz, estão em situação semelhante, se endividando para sobreviver. Saraiva acredita que a situação pode levar o funcionalismo a uma paralisação semelhante à ocorrida quando da votação do Sampaprev – proposta de reforma do sistema previdenciário dos servidores municipais apresentada pelo então prefeito João Dória e levada adiante por seu sucessor, Bruno Covas. “O pessoal já não tem mais paciência”. 

Edição: João Paulo Soares