Coluna

Zema: governo de caminho único e que demite garçons

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Governador não questiona, não constrói caminhos que não sejam de punir a vida dos mineiros e mineiras
Governador não questiona, não constrói caminhos que não sejam de punir a vida dos mineiros e mineiras - Foto: Gil Leonardi/Imprensa MG
Novo mostra a que veio: redução de postos de trabalho e de serviços à população

Começou o "Assembleia Fiscaliza" em Minas Gerais. Os secretários de Estado foram convocados para apresentarem um balanço da atuação do governo nos primeiros quatro meses de mandato. Uma prestação de contas quadrimestral. Esta iniciativa é inédita, resultado da votação de proposta de emenda à Constituição no início da atual legislatura.

Com o primeiro dia de prestação de contas, já é possível avaliar o perfil de articulação política do governador Romeu Zema (Novo), ou a ausência dela. Numa fala inicial, o governo apresentou a redução de contratações, o fim do diário oficial impresso, nenhuma campanha publicitária feita e o caminho único do Regime de Recuperação Fiscal para Minas Gerais para a recuperação econômica.

Para entendermos melhor as demissões que o governo fez, foi simbólica a frase que escutei: "não há serviços de garçons nos prédios Minas e Gerais da Cidade Administrativa." De fato, o governo do estado é um estimulador de demissões de trabalhadores: garçons, recepcionistas, vigilantes, professoras. Redução de postos de atendimento à população e fim ou diminuição de programas como Escola Integral e Valores de Minas (programa de política pública para a juventude).

Sobre anúncios publicitários, fez muita falta aos mineiros investir em campanhas como a de combate à dengue. O custo-benefício dessa "economia" não valeu a pena para o povo. Basta analisar o número recorde de pessoas doentes em 2019. 

Sobre as perspectivas de futuro, apresentou caminho único: venda de estatais que prestam serviços à população, demissões de servidores, entrega do papel do Estado e da Assembleia Legislativa a uma Comissão do Governo Federal em troca de empurrar a dívida com União por três anos. Não questiona, não constrói caminhos que não sejam de punir a vida dos mineiros e mineiras com a diminuição dos serviços públicos à população. 
É um governo de caminho único. Só serve a aprovação de um Regime de Recuperação Fiscal que não deu certo no único estado que o colocou em prática: o Rio de Janeiro.  Caminho que não trará desenvolvimento nem responderá aos problemas que os mineiros e as mineiras enfrentam. 

Até o momento, não vemos o governador, como representante do nosso estado, estabelecer uma negociação de fato com o Governo Federal. A adesão é a política de submissão e de entrega do patrimônio do povo mineiro.  O estado, se aderir à recuperação fiscal, sairá mais fraco, sem possiblidade de fazer política de desenvolvimento. Quem governa um estado em regime de recuperação fiscal?

Beatriz Cerqueira é deputada estadual do PT e presidenta da CUT Minas.

Edição: Joana Tavares