Rio de Janeiro

REPRESSÃO

RJ: Polícia Militar dispersa com violência ato pacífico contra reforma da Previdência

Polícia lançou gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral contra trabalhadores e estudantes

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Manifestantes lotaram pistas da Avenida Presidente Vargas contra proposta que muda regras da aposentadoria
Manifestantes lotaram pistas da Avenida Presidente Vargas contra proposta que muda regras da aposentadoria - Clívia Mesquita

O dia de Greve Geral foi marcado por passeatas e mobilizações contra a reforma da Previdência em todo o estado do Rio de Janeiro. No final da manifestação que reuniu cerca de 100 mil pessoas, segundo os organizadores, a Polícia Militar dispersou trabalhadores e estudantes lançando bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Forte contingente policial acompanhava a manifestação desde o início da concentração do ato que não pôde ser concluído devido à repressão.

Trabalhadores ambulantes e estudantes secundaristas foram pegos de surpresa pela dura atuação policial. Repórter do Brasil de Fato ficou presa dentro do carro de som, sentindo os efeitos do gás lacrimogêneo, que provoca ardência nos olhos e na garganta. Diversas categorias pararam atividades desde as primeiras horas desta sexta-feira (14) e participavam do ato no Centro da cidade. O protesto teve concentração nas imediações da Igreja da Candelária, localizada na Avenida Presidente Vargas, e seguiu rumo à Central do Brasil.

Durante a manifestação, trabalhadores e estudantes entoaram palavras de ordem contra as mudanças nas regras da aposentadoria que poderão afetar a parcela da população mais pobre do país: “Eu não abro mão da Previdência e nem da educação”, “Pisa ligeiro, quem mexeu com a Previdência atiçou o país inteiro”, “A nossa luta unificou é estudante junto com trabalhador”.

Luta contra reforma da Previdência em todo o estado

As primeiras manifestações no Rio foram realizadas pelos petroleiros nas rendições dos turnos nas refinarias da Petrobrás em Duque Caxias, Campos dos Goytacazes e Macaé e pelos metalúrgicos da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda. Pela manhã, estudantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) realizaram manifestação na Linha Vermelha e um ato em frente ao Instituto Nacional de Traumato-Ortopedia (Into), realizado por profissionais da saúde, sindicalistas das centrais e militantes da Frente Brasil Popular (FBP), foi reprimido pela Polícia Militar. Em Niterói, na região metropolitana, um ato em frente ao Hospital Universitário registrou o atropelamento de uma estudante. Aulas públicas sobre os efeitos da reforma da Previdência foram realizadas pelos profissionais da educação em várias cidades do estado e os bancários fecharam todas as agências do Centro da capital. Na porta da Globo, um protesto foi organizado pelo Sindicato dos Radialistas.

Atos com passeatas foram registradas em Angra dos Reis, Rio das Ostras, Campos dos Goytacazes, Macaé, Barra do Piraí, Barra Mansa, Valença Volta Redonda, Cabo Frio. Empresas públicas como Petrobras, Furnas Casa da Moeda, Empresa Pública de Comunicação (EBC) também pararam atividades. “Estamos mostrando a força da classe trabalhadora para barrar a reforma da Previdência. Eles estão com medo e já na comissão tiraram um monte de coisa, mas deixaram a pedra no sapato que é a desconstitucionalização. Sabemos que se isso passar eles vêm com tudo para acabar com nossa Previdência e não vão precisar nem mais do quórum qualificado para isso. Esse é o nosso desafio do momento”, avaliou Duda Quiroga, secretaria de comunicação da Central Única dos Trabalhadores (CUT-RJ).

Edição: Vivian Virissimo | Reportagem: Clívia Mesquita