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EDITORIAL PARANÁ

Já passou da hora

As denúncias do Intercept revelam como Moro julgou Lula de forma parcial. Prisão de ex-presidente deve ser revertida

Brasil de Fato I Curitiba |
Ministro da Justiça se desgasta e denúncias deixam claro papel político de Moro na Lava Jato
Ministro da Justiça se desgasta e denúncias deixam claro papel político de Moro na Lava Jato - Agência Brasil

O que muda no Brasil com a revelação das mensagens secretas da Lava Jato? O site The Intercept vem publicando reportagens que escancaram os desvios na condenação de Lula pela Justiça Federal.
Como é próprio dos ídolos com prazo de validade vencida, os pés de barro de Moro já não podem mais sustentá-lo. No mês de março de 2017, o ex-juiz encaminhou dicas de investigação para o Ministério Público recebidas de Mara Gabrili (PSDB). Este fato, por si só, revela o viés partidário com que conduziu e julgou os processos da Lava Jato. Tem mais: um mês depois, em abril, Moro questionou investigações sobre Fernando Henrique Cardoso (FHC). Em suas palavras, “melindra alguém cujo apoio é importante”. É bom lembrar que, nesta época, Lula liderava todos os cenários nas pesquisas eleitorais. Alcançava 26 pontos percentuais, contra 8 de Bolsonaro. Um ano depois, foi preso e ficou de fora da disputa das eleições. A Lava Jato abria caminho para o candidato com outro projeto, e tornar-se ministro foi o prêmio de Moro.
No próximo dia 25 de junho, a validade desta condenação de Lula deve ser julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). As leis processuais brasileiras proíbem Moro de ter agido como agiu. É algo bastante evidente: o juiz não pode combinar a tática do jogo com um dos times no vestiário e, depois, subir em campo com o cartão vermelho já em mãos. Se o jogo foi desleal, a partida deve ser anulada. Juízes sérios não participam do jogo e não precisam calcular apoio de ninguém. Lula permanece preso: já passou da hora de se desfazer a injustiça desta prisão política. É preciso soltar Lula.

Edição: Naiara Bittencourt e Guilherme Uchimura