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Tráfico internacional de cocaína em comitiva de Bolsonaro: o que se sabe até agora?

Notícia rapidamente repercutiu na imprensa internacional; militar, pego com 39 quilos da droga, será acusado por tráfico

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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O militar foi detido pela Guarda Civil de Sevilha, após ser constatado que ele portava 39 quilos de cocaína
O militar foi detido pela Guarda Civil de Sevilha, após ser constatado que ele portava 39 quilos de cocaína - Foto: Juan Mabromata/AFP

Um sargento da Aeronáutica brasileira foi detido nesta terça-feira (25) no aeroporto de Sevilha, na Espanha, após autoridades locais encontrarem 39 quilos de cocaína em em sua mala. O oficial estava em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) que fazia parte da comitiva do presidente Jair Bolsonaro, que participará da reunião do G20 em Osaka, no Japão.

O Tribunal de Instrução número 11 de Sevilha ordenou a prisão provisória do militar, sem fiança, nesta quarta-feira (26). Ele será acusado de tráfico de drogas.

Veja o que se sabe até o momento sobre o caso:

A identidade do militar já foi revelada?

O sargento detido foi identificado como Manoel Silva Rodrigues, de 38 anos. O oficial fazia parte de uma comitiva que contava com a participação de outros 21 militares. O avião saiu de Brasília com destino a Osaka, onde nesta quinta-feira (27) ocorrerá a reunião do G20. A aeronave fez uma escala na Espanha, onde as drogas foram encontradas. 

Rodrigues já esteve presente em outras viagens como integrante do governo, entre elas, uma em fevereiro deste ano, quando acompanhou Bolsonaro a São Paulo. 

Como ocorreu a prisão?

O militar foi detido pela Guarda Civil de Sevilha, após ser constatado que ele portava 39 quilos de cocaína. A substância estava dividida em 37 pacotes  guardados em uma mala. O brasileiro será acusado de tráfico de drogas, descrito como crime contra a saúde pública no Código Penal da Espanha. Após a detenção, o restante da comitiva seguiu viagem ao Japão. 

Os investigadores acreditam que o destino final da droga era a Espanha, segundo o jornal andaluz Diario Sur. Bolsonaro viajou para o Japão em outro voo. O avião também faria escala na Espanha, no entanto, após a detenção do militar, a parada foi alterada para ocorrer em Lisboa, Portugal. 

Qual foi a reação do governo? 

Após a detenção ser difundida, Bolsonaro divulgou uma nota em seu Twitter afirmando que determinou “ao Ministério da Defesa imediata colaboração com a Polícia Espanhola na pronta elucidação dos fatos”. Ainda segundo o presidente, “caso seja comprovado o envolvimento do militar nesse crime, o mesmo será julgado e condenado na forma da lei”. 

O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, ainda não se pronunciou sobre o caso. O ministro da Justiça, Sérgio Moro, que está nos Estados Unidos e visitou a agência antidrogas do país, também não se pronunciou. 

Houve repercussão internacional?

A detenção do sargento da Aeronáutica ganhou as páginas de diversos jornais ao redor do mundo. O britânico The Guardian destacou: "Aviador com delegação do Brasil no G20 é detido por tráfico de drogas”. A notícia ressalta que enquanto ocorre a prisão, Bolsonaro, na contramão de diversos países, defende a internação compulsória de viciados, endurecendo sua política antidrogas. 

O diário espanhol El País afirma que “a detecção da droga e a posterior detenção do militar ocorreram quando os membros da tripulação e suas bagagens passaram pelo controle alfandegário obrigatório após a chegada a Sevilha”. Jornais como o norte-americano The New York Times, e o argentino Página/12 também repercutiram a notícia. 

O militar deverá ser preso? 

O processo já foi encaminhado para a Justiça espanhola, mas ainda não é possível falar sobre a pena. No entanto, um caso semelhante envolvendo tráfico em aviões da FAB já ocorreu em 1999. Na ocasião, um militar da reserva foi pego com 32 quilos de drogas que tinham como destino as Ilhas Canárias. Ele foi condenado Pelo Superior Tribunal Militar em 2011 a 17 anos de prisão. 

Outros dois oficiais da Aeronáutica foram condenados a 16 anos de prisão. Os militares integravam uma quadrilha especializada em tráfico internacional.

Edição: Pedro Ribeiro Nogueira