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Por que é importante estudar a história da África nas escolas?

Não sabemos nossa história e não cultuamos nossos heróis

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O professor de História, Natanael do Santos diz que os brasileiros deixam de conhecer a si próprio quando não estudam a história da África
O professor de História, Natanael do Santos diz que os brasileiros deixam de conhecer a si próprio quando não estudam a história da África - Alexandre Jubran e Luiz Iria
Não sabemos nossa história e não cultuamos nossos heróis

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Além de Zumbi dos Palmares qual outro herói negro do Brasil você conhece? Você sabia que os escritores Luiz Gama e Machado de Assis eram afro-brasileiros? Já ouviu falar de autores como Maria Carolina de Jesus, Conceição Evaristo e Solano Trindade? Nesses mais de 500 anos, muitos negros e negras ajudaram a escrever a história do nosso país, mas infelizmente, não recebem o devido reconhecimento. 

Um dos motivos que explica a falta conhecimento sobre essas e outras personagens importantes da nossa trajetória como país, está na educação. Nossas crianças e adolescentes não estudam a história do continente que mais contribuiu para a formação do Brasil: o africano. 

Por isso, o Brasil de Fato foi às ruas e traz a pergunta da psicóloga Camila, que quer saber por que é importante estudar a história da África nas escolas? 

O Professor de História, pesquisador e coordenador do Núcleo de Educação e Direitos Humanos da Faculdade Zumbi dos Palmares, Natanael dos Santos fala sobre a importância do tema.

"Todos nós deveríamos estudar um pouco mais a respeito da história da África, até para entendermos quem somos nós. Exite um país chamado Nigéria, o maior de população de negra no mundo. O segundo país com o maior número de negros é o Brasil, mas nós não sabemos de nós mesmos. Não conhecemos nossa história, nossas características e não cultuamos os nossos heróis. Eles nos representam com tanta categoria, mas nunca ouvimos falar deles. Por isso, é muito importante estudar a história da África e também do afro-brasileiro. Nós tivemos no Rio Grande do Sul, os lanceiros negros, em Santa Catarina, a primeira deputada mulher negra, Antonieta de Barros. Nós tivemos o André Rebouças, que foi um engenheiro de monta e nunca ouvimos falar. Por exemplo, temos o Henrique Schaumann que dá nome a uma rua muito famosa em São Paulo, e quem é esse negro tão maravilhoso? A gente vai descortinando as personagens negras da nossa história, por exemplo, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), antes de ser a Ordem, era uma Associação e quem a criou foi um negro, Francisco Jê Montezuma. Nós temos tantas histórias maravilhosas de negros expoentes e a gente não sabe. Por isso, é muito importante contar a história dos Africanos e dos afro-brasileiros na escola. Nós temos que falar isso, porque temos heróis que são desconhecidos. O Brasil precisa retomar essa história e contar das revoluções, como a revolta da Chibata e João Cândido que pouco conhecemos".

 

Edição: Michele Carvalho