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Ato do MTST em loja da Havan expõe dívida milionária de empresário com a Previdência

Apoiador de Bolsonaro e defensor da reforma, dono da rede deve R$ 160 milhões aos cofres públicos

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Integrantes do MTST na fila do caixa das lojas Havan em Itaquaquecetuba
Integrantes do MTST na fila do caixa das lojas Havan em Itaquaquecetuba - Mídia Ninja

Integrantes do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) fizeram nesta quinta (4) um ato simbólico para cobrar uma grande empresa que deve muito aos cofres públicos, a Havan.

Mais de 50 ativistas entraram na filial da rede em Itaquaquecetuba, região metropolitana de São Paulo, e encheram carrinhos com produtos diversos. Na hora de pagar, veio a surpresa: um cheque gigante de R$ 168 milhões, valor que o empresário Luciano Hang, dono da rede varejista, deve para a Previdência e para a Receita Federal.

A mobilização transcorreu pacificamente, com a maioria dos funcionários da loja encarando o ato com bom humor, fora algumas exceções, sem tumultos.

Além de ser um dos maiores caloteiros em impostos e tributos, Hang é famoso por seu posicionamento político. O empresário, que recentemente entrou para a lista dos bilionários do país, é um dos grandes apoiadores do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL), em especial quando o assunto é a “reforma” da Previdência.

O ato realizado pelo MTST mostra o repúdio da maioria da população brasileira, que por ser pobre será a mais prejudicada pelas novas regras para a aposentadoria, ao mesmo tempo que bilionários como Hang não são cobrados pelas suas dívidas – e que contribuiriam para o equilíbrio das contas públicas.

Devedor ultraconservador

Não é de hoje que Hang desperta curiosidade por sua postura. Ultraconservador, foi apontado como um dos chefes de um esquema de divulgação de fake news em favor de Bolsonaro. Ele teria financiado disparos em massa de mentiras contra adversários políticos do presidente através do aplicativo WhattsApp.

Durante a campanha eleitoral que levou a extrema-direita ao poder, o empresário foi envolvido em outra denúncia, a de assédio moral contra seus funcionários. Em eventos de sua empresa, ele coagiu os trabalhadores a votarem em Bolsonaro. “Se a esquerda ganhar, você está preparado para sair da Havan?”, dizia aos funcionários. Por esse motivo,

Hang foi processado pelo Ministério Público do Trabalho. “Ação descumpre a finalidade social do emprego, que não deveria refletir em ferramenta eleitoral ou coação financeira, mas sim em meio de subsistência das famílias brasileiras e instrumento essencial para a circulação de mercadorias e capital na nossa sociedade”, ressaltou o órgão.

Enquanto deve para a Previdência e para a Receita Federal e usa seu dinheiro para financiar políticos de extrema-direita, Hang reservou “um trocado” para comprar um avião para uso pessoal, avaliado em R$ 250 milhões.

Edição: João Paulo Soares