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Repórter SUS | Fumacê e larvicida são insuficientes para controlar dengue

Enfrentar epidemia exige investimentos em infraestrutura urbana

Enfrentar epidemia exige investimentos em infraestrutura urbana

Somente este ano foram notificados 1,3 milhão casos suspeitos de dengue. É sete vezes mais do que o registrado entre dezembro de 2017 e junho de 2018, quando foram registradas 180 mil notificações. Com relação às mortes, o aumento também assusta: 414 mortes nos primeiros seis meses de 2019. No período anterior comparativo, foram 129 mortes, número 30% menor.

Embora o mosquito Aedes aegypti, vetor da transmissão da doença, se prolifere em qualquer recipiente que acumule água, e o período de chuvas associado a temperaturas elevadas contribuam para elevação de casos, especialistas apontam outros fatores. Saneamento básico, coleta de lixo, abastecimento de água precário e a impossibilidade do acesso de agentes de endemias em alguns territórios pela violência, são mencionados pelo infectologista Rivaldo Venâncio, coordenador de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

No Repórter SUS, programa produzido em parceria com a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio da Fundação Oswaldo Cruz (EPSJV/Fiocruz), o infectologista alerta que a epidemia de dengue é uma tendência para as próximas décadas, "a não ser que sejam alteradas as formas de prevenção".

"O larvicida, casa a casa, em objetos que acumulam água, por vezes aquele fumacê, que serve mais como efeito psicológico. Essa metodologia teve efeito há 100 anos, 110 anos atrás, na época do Oswaldo Cruz [médico sanitarista], hoje está superada devido à complexidade dos centros urbanos", esclarece Venâncio.

Segundo ele é necessário uma nova tecnologia para os novos desafios urbanos. "Precisamos também encarar de vez os graves problemas de infraestrutura urbana [moradia, saneamento, abastecimento] que convivemos há séculos", conclui.

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