Minas Gerais

Opinião

Artigo | Fé e Política: opressão ou libertação

Evento reforçou a necessidade da retomada da formação política nas bases sociais

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |
Tema desta edição foi “Democracia, Políticas Públicas e Alternativas Sociais: Sinais dos Tempos na Construção do Bem Viver”
Tema desta edição foi “Democracia, Políticas Públicas e Alternativas Sociais: Sinais dos Tempos na Construção do Bem Viver” - Foto: Mídia Ninja

O 11º Encontro Nacional de Fé e Política aconteceu em Natal (RN), nos dias 12 a 14 deste mês.  Com o tema “Democracia, Políticas Públicas e Alternativas Sociais: Sinais dos Tempos na Construção do Bem Viver”, o encontro celebrou os 30 anos de fundação do Movimento Fé e Política, criado em junho de 1989 com o objetivo de alimentar a dimensão ética e espiritual que deve animar a atividade política de todos os cristãos.

Baseado na espiritualidade político-libertadora -que perpassa a totalidade de nossa existência e se estabelece na síntese de nossas relações com o mundo, as pessoas, a natureza e com Deus -e sem negar a realidade tenebrosa dos tempos atuais, o encontro congregou cerca de 700 militantes de movimentos sociais e eclesiais de todo o país, confirmando que há muitos sinais do bem-viver, ou seja, de experiências de inclusão, diversidade, solidariedade, paz e justiça.

Realizado no Instituto Federal de Educação potiguar, que se transformou num local de resistência, o encontro nacional reforçou a necessidade da retomada da formação política nas bases sociais como elemento fundamental para a reconstrução de uma democracia de fato, a superar esse farsesco regime político atual, sustentado pelos segmentos mais retrógrados, violentos e conservadores da sociedade brasileira. Apesar do necrogoverno e suas políticas de morte e destruição, muitos sinais de esperança foram partilhados em vários grupos de discussão.  

Em entrevista ao Brasil de Fato, Frei Betto, teólogo dominicano, um dos fundadores do Movimento Fé e Política e animador do encontro, lembrou que “a religião, assim como a política, é uma faca de dois gumes: pode ser usada para libertar ou para oprimir. Então, há setores identificados com os privilégios dos mais ricos que utilizam a religião para consolidar essa desigualdade.”

O encontro demonstrou que há uma extensa rede nacional de fé e política que anima os cristãos e cristãs que atuam em partidos políticos, sindicatos, associações, movimentos, cooperativas e outras organizações e coletivos populares, em favor de um outro mundo, onde é possível a utopia do Reino de Deus.

Robson Sávio Reis Souza compõe a equipe de assessores do Centro Nacional de Fé e Política.

Edição: Joana Tavares