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Opinião

Artigo | O veneno está na mesa: mais 51 agrotóxicos liberados pelo governo Bolsonaro

Venenos adoecem consumidores e principalmente os agricultores

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |
Descontrole dessas desmedidas é sentido pelo solo, pela água, e nas condições de saúde dos seres humanos e de insetos polinizadores
Descontrole dessas desmedidas é sentido pelo solo, pela água, e nas condições de saúde dos seres humanos e de insetos polinizadores - Fernando Frazão/Agência Brasil

O governo Bolsonaro libera mais 51 novos agrotóxicos para utilização nas lavouras brasileiras, sem se preocupar com a saúde e bem-estar da nossa população, que já sofre com os venenos existentes. Como se já não bastasse todo o perigo, o governo agora libera uma substância perigosa, feita à base de sulfoxaflor, um pesticida cujo uso está relacionado à morte de enxames inteiros de abelhas em todos os lugares do mundo em que foi lançado.

Ao todo, já são 262 novos agrotóxicos liberados em pouco mais de 200 dias. Contando com a herança maldita do governo Temer, são 290 novos venenos liberados. Recentemente, realizamos audiência pública em Minas Gerais e em Brasília para discutir a presença desses venenos na água potável consumida pela população e os resultados são desesperadores.

O resultado das análises revela que coquetel com 27 agrotóxicos foi achado na água de 1 em cada 4 municípios. Em 1.300 cidades do país existem a presença desses cerca de 27 tipos diferentes de venenos na água. Só em Minas Gerais, em cerca de 50 cidades já foram registrados estes casos e em dezenas de outras foram identificadas amostragens em menor variedade. É inadmissível o que está sendo feito contra a nossa gente.

Como coordenador da Frente Parlamentar da Segurança Alimentar e Nutricional no Congresso Nacional, lembro que o Brasil já ocupa a primeira posição mundial no uso e consumo de agrotóxicos, o que é ainda mais agravado com estas liberações feitas de modo desacerbado. É mais veneno liberado do que nos últimos oito anos. Os males desses venenos já são refletidos na saúde da população, com o aumento de uma grande diversidade de doenças crônicas, como depressão, doenças cardíacas, doenças renais e mesmo o câncer, acometendo tanto os consumidores e, principalmente, os agricultores, que são os primeiros contaminados.

No Brasil, o aumento do consumo de agrotóxicos é escandaloso e a presença de resíduos de substâncias nos alimentos é muito maior do que os limites máximos recomendados. O governo não fiscaliza adequadamente as quantidades de venenos utilizadas nas fazendas e nem procura saber se foi respeitado o período mínimo entre a última aplicação e a colheita. Já recebemos denúncias de que produtores inescrupulosos lançam agrotóxicos perigosos nas lavouras na véspera das colheitas e é claro que este veneno vai chegar à mesa das famílias brasileiras.

O descontrole dessas desmedidas do governo é sentido pelo solo, pela água, e nas condições de saúde dos seres humanos e de insetos polinizadores, indispensáveis à produção de alimentos na terra. Precisamos dar um basta à utilização de agrotóxicos e incentivar políticas públicas que fomentem a agroecologia. A agroecologia respeita a coexistência de todos os seres vivos e o equilíbrio dos ecossistemas, com ganhos para a promoção da saúde humana e do próprio planeta.

Padre João é deputado federal pelo PT e coordenador da Frente Parlamentar da Segurança Alimentar e Nutricional no Congresso Nacional.

Edição: Joana Tavares