Violência

Homem que atropelou militante do MST é denunciado por homicídio qualificado

Para Ministério Público Estadual, Leo Luiz Ribeiro agiu “somente por não se conformar com a paralisação da via pública”

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

Ouça o áudio:

Acampamento do MST em Valinhos, onde a vítima vivia desde dezembro de 2018
Acampamento do MST em Valinhos, onde a vítima vivia desde dezembro de 2018 - Foto | MST

O Ministério Público Estadual (MPE) denunciou o vendedor Leo Luiz Ribeiro por homicídio doloso qualificado por motivo fútil. No último dia 18 de julho, ele atropelou e matou Luis Ferreira da Costa, militante do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), durante uma manifestação da entidade na cidade de Valinhos (SP). A denúncia foi protocolada na quinta-feira (1).

No dia do crime, Luis Ferreira da Costa participava de um protesto  contra a falta de água no acampamento “Marielle Vive”, onde estava acampado desde dezembro de 2018. Na altura do Km 7 da Estrada do Jequitibá, Leo Ribeiro avançou com sua picape de três toneladas sobre o grupo, matando o agricultor.

De acordo com o MPE, o motivo para o crime é fútil, cometido por Leo Ribeiro “não se conformar com a paralisação da via pública”

Ribeiro se apresentou à Polícia no mesmo dia e confessou o atropelamento. Na porta do 1º DP de Valinhos, o irmão do atropelador, apresentado apenas como Elias, afirmou que “tem que pegar um caminhão e passar por cima mesmo. A estrada é livre para todo mundo andar.”

O diálogo foi flagrado pelo Brasil de Fato e será utilizado como indício da intenção de Ribeiro em matar o militante do MST.

“Reforça, ainda mais, o dolo homicida direto de Leo Luiz, considerando que manteve contato com seus parentes e certamente externou a vontade livre de agir de forma criminosa.”

“O vídeo do Brasil de Fato, em que o irmão dele afirma que tinha que passar com o carro por cima de todo mundo, demonstra que posterior ao fato ele conversou com familiares e deve ter reafirmado essa posição. Fato que ele não negou, em seu depoimento ele confirma que não concordava com a manifestação”, afirma Nilcio Costa, advogado do MST.

A família de Leo Luiz Ribeiro foi procurada, mas não respondeu até o fechamento desta matéria.

Edição: João Paulo Soares