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Em busca de recursos, Consórcio Nordeste fará giro pela Europa em novembro

Bloco regional recém-criado busca investimentos e parcerias internacionais para obras de infraestrutura e tecnologia

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Os governadores de nove estados nordestinos reunidos durante o lançamento do consórcio, em julho
Os governadores de nove estados nordestinos reunidos durante o lançamento do consórcio, em julho - Foto: Ascom governo da Bahia

O Consórcio Nordeste – entidade criada pelos nove governadores da região para formular estratégias comuns de gestão e desenvolvimento – fará em novembro sua primeira viagem internacional com o objetivo de obter recursos e parcerias.

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Uma delegação da entidade deve visitar Itália, França, Alemanha e Espanha – com possibilidade de a viagem se estender até Rússia, China e Coreia do Sul. Nas rodadas de negócios, os governadores e seus representantes devem buscar financiamento para projetos de infraestrutura, como saneamento básico e tecnologia, por exemplo, redes de fibra ótica.

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Para a vice-governadora do Ceará, Izolda Cela (PDT), a unidade regional demonstrada pelo consórcio deve ter grande poder atrativo sobre investidores estrangeiros. “A área de energia renovável, como a eólica e a solar, é um potencial muito forte nosso”, exemplifica.

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Os nove estados do Nordeste (Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Maranhão e Piauí) têm um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 889 bilhões, o equivalente a cerca de 14% do PIB brasileiro – os últimos dados disponíveis do IBGE são de 2016. São quase 60 milhões de habitantes distribuídos por 1.794 cidades, cobrindo uma área de 1,5 milhão de quilômetros quadrados.

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Apesar do crescimento econômico e da melhoria de condições de vida que marcaram a região durante os governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), muitas áreas do Nordeste ainda apresentam baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) – situação que voltou a se agravar com o fim ou a paralisação de vários programas sociais nos últimos anos, sobretudo a partir da posse de Jair Bolsonaro (PSL).

O economista Pedro Rafael Lapa, ex-diretor de desenvolvimento do Banco do Nordeste e integrante da equipe do Consórcio, lembra que, além dos cortes e dos ataques a políticas essenciais, o atual governo também retirou as operações da Petrobras da região, causando um grande impacto negativo nas economias locais.

"É a única oportunidade que o Nordeste tem de entrar no processo de industrialização, pela via da cadeia produtiva de petróleo e gás. Houve um avanço com a presença da Petrobras no Nordeste, a partir de 2003. E desde 2016 há um recuo. A Petrobras anuncia, de maneira formal que está saindo do Nordeste porque o Nordeste não cabe no plano de negócio dela. Particularmente em Pernambuco isso é desastroso, porque ela atinge os três elementos principais do complexo portuário de Suape. O pólo petroquímico foi vendido, mas é uma maneira de dizer, porque ele foi doado por 10% do seu valor; o estaleiro Atlântico Sul já está parado e todo o sistema de distribuição do gasoduto do Nordeste já foi privatizado", cita o economista.

Articulação

Lançado oficialmente no dia 29 de julho, com sede provisória em Salvador (BA) e presidido neste primeiro ano pelo governador baiano Rui Costa (PT), o Consórcio Nordeste também pretende otimizar instrumentos de gestão, como a realização de compras governamentais em conjunto, de maneira a reduzir preços por ganho de escala.

“Vamos fazer a nossa parte, já que o governo não acerta, a curto prazo, com a retoma do crescimento do país”, disse Rui Costa durante o lançamento da entidade.

A ação articulada deve trazer bons resultados para setores como a Saúde, segundo acredita o médico de família e professor universitário Aristóteles Cardona Júnior. Ele cita como exemplo um caso de Petrolina (BA).

“A gente tem um hospital universitário que é referência no tratamento de traumas de acidentes de trânsito para uma região que pega cidades da Bahia, de Pernambuco e Piauí. Normalmente, há uma briga, uma disputa muito grande sobre quem bota dinheiro, quem não bota, quem precisava botar mais, e não sei o quê. Aí o consórcio vem no sentido de ajudar neste diálogo para que, em conjunto, todos possam gastar melhor os recursos”, argumenta o médico.

Outra área que poderá ganhar com o consórcio, na avaliação da vice-governadora cearense, Izolda Cela, é a da segurança pública, a partir da troca de informações e tecnologias de combate à criminalidade.

Edição: João Paulo Soares