Após pressão

Justiça dos EUA liberta vítima de violência sexual que matou seu agressor

Caso ocorreu em 2004, quando Cyntoia Brown tinha 16 anos; o homem de 43 anos obrigava a jovem a se prostituir

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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A libertação ocorreu após o então governador do Tennessee, Bill Haslam, conceder um indulto à Brown
A libertação ocorreu após o então governador do Tennessee, Bill Haslam, conceder um indulto à Brown - Foto: Reprodução

A Justiça dos Estados Unidos libertou nesta quarta-feira (7) Cyntoia Brown, norte-americana que foi condenada à prisão perpétua pelo assassinato de Johnny Allen. Além de violentar Brown, então com 16 anos, o homem de 43 anos a obrigava a se prostituir. 

A libertação ocorreu após o então governador do Tennessee, Bill Haslam, conceder um indulto a Brown. A medida foi tomada em janeiro, pouco antes do fim do mandato do político. A justificação é que o homicídio, que aconteceu em 2004, foi cometido em legítima defesa, já que, além dos abusos, o homem, que possuía muitas armas em casa, a ameaçou afirmando ser um grande atirador.

O caso de Brown ganhou repercussão após inúmeras celebridades estadunidenses apoiarem sua libertação, organizando petições que foram dirigidas às autoridades dos EUA.

A projeção tomou forma em 2017 no marco do Me Too, movimento contra o assédio sexual que ganhou força nos EUA.

A primeira celebridade a defender a liberdade de Cyntoia foi a empresária, socialite e produtora norte-americana Kim Kardashian, que também em 2017 criou o movimento Free Cyntoia Brown.

Kardashian justificou seu apoio afirmando que “o sistema falhou” com Brown. “Despedaça o coração ver que uma jovem forçada ao tráfico sexual é condenada à prisão perpétua quando reage! Temos de fazer melhor e fazer o que é certo. Chamei meus advogados ontem para ver se se faz justiça”, disse em sua conta no Twitter em 2017. A cantora Rihanna e outras celebridades também se juntaram ao movimento.

Brown passou a morar com Allen após fugir de sua família adotiva. Ao longo do julgamento de seu caso, a jovem relatou como foi abusada e agredida pelo homem. Ainda assim o tribunal optou por condená-la à prisão perpétua, ignorando que o assassinato tenha ocorrido em legítima defesa. 

Agora livre, Brown, que tem hoje 31 anos, afirmou que pretende “ajudar outras mulheres e meninas que sofreram abuso e exploração”. Ela ficará em liberdade condicional durante os próximos 10 anos. Também terá que conseguir um emprego e participar regularmente de sessões de aconselhamento.

Edição: João Paulo Soares