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Evento usa o funk para debater segurança digital e física na Favela da Maré

A CriptoFunk busca democratizar o conhecimento digital

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CriptoFunk reúne atividades como oficinas, debates e aulas de expressão corporal
CriptoFunk reúne atividades como oficinas, debates e aulas de expressão corporal - Amarevê
A CriptoFunk busca democratizar o conhecimento digital

Com o intuito de democratizar o conhecimento sobre segurança na internet, por meio de uma técnica chamada criptografia, a CryptoRave nasceu no Brasil, em 2014.

Inspiradas na CryptoRave, as chamadas CryptoFestas se popularizaram em todo o Brasil. De forma autônoma, vários estados do país criaram uma agenda de debates e oficinas sobre segurança digital, com o objetivo de ensinar as pessoas a se protegerem de ataques virtuais.

Pensando nisso, na cidade do Rio de Janeiro, o Data_Labe, um laboratório de dados e narrativas jornalísticas, em parceria com o Intervozes, a Escola de Ativismo, o Coding Rights e com apoio do Observatório das Favelas se inspiraram na CryptoRave e decidiram trazer o debate para realidade da favela do complexo Maré, criando a CriptoFunk.

O coordenador de multimídia do Data_Labe e um dos responsáveis pela realização do evento, Eloi Leones, explica como é o funcionamento dessas festas pelo Brasil.

“A idéia é que elas aconteçam de forma independente e voluntária e o modo deles fazerem esses eventos é através do financiamento coletivo, chamado de crowdfunding, que capta a verba. Muitas pessoas também se voluntariam para participar”, conta.

Na segunda edição carioca, a CriptoFunk 2019 chega para engrossar o debate sobre privacidade, segurança digital e liberdade de expressão. Além disso, o evento fala sobre a preocupação com a integridade física dos corpos no território de favela. 

Foto: Amarevê  | A iniciativa é inspirada no movimento global das Cryptofestas e reúne debates, festas e oficinas sobre cuidados físicos, digitais e internet. 

A co-fundadora do Data_Labe, formada em Estudo de Mídia pela Universidade Federal Fluminense, Clara Sacco, integra também a organização da Criptofunk. Ela explica que para discutir segurança e liberdade de expressão no Rio de Janeiro, onde existe muitos dilemas relacionados à segurança pública, é preciso que essa informação seja democratizada e que não fique restrita àqueles que trabalham com tecnologia.

“Existe uma preocupação de segurança relacionada realmente ao corpo e suas vulnerabilidades. A Criptofunk, diferentemente de muitas cryptofestas, por ser no Rio de Janeiro, queremos discutir segurança pessoal, digital e psicossocial. A gente entende que esse conceito de segurança digital, não pode vir desvinculado de um debate da nossa segurança física e mental. A Criptofunk é um evento, na verdade, que busca abrir esse debate, esses conhecimentos e essas tecnologias para um público que muitas vezes não debate isso”.

Com o lema “Criptografe dados, descriptografe o corpo”, a CriptoFunk busca promover a autonomia e liberdade das pessoas na favela, pensando na influência das tecnologias em suas vidas.

A curadoria das atividades é feita a partir das propostas do público. Dentro da agenda de oficinas, as aulas de expressão corporal por meio do funk e do AfroFunk carioca estão presentes desde a primeira edição com a dançarina, atriz e pesquisadora, Taísa Machado.

“As aulas e oficinas são relacionadas a comunicação e tecnologia, segurança e liberdade digital, e corpo e suas tecnologias. É um espectro bem amplo, que parte justamente do nosso intuito de entender que segurança e liberdade digital, na verdade, também estão relacionadas a nossa segurança e liberdade física e mental. As oficinas abordam esses temas”, explica Clara Sacco.

A CriptoFunk conta com um dia de atividades que incluem mesas, exibição de filmes e debates. Além de conversas sobre autocuidado, direitos humanos e oficinas de segurança física.

Foto: Amarevê  | Oficina de Autodefesa com o Piranhas Team, grupo que ensinou Krav Maga para autodefesa da população vulnerabilizada, como LGBTs e mulheres.

O evento é gratuito e acontece no dia 14 de setembro, no Galpão Bela Maré, um espaço de arte e cultura na Favela Nova Holanda, no complexo da Maré. Os organizadores criaram um financiamento coletivo para ajudar nos custos do projeto.

 

Edição: Michele Carvalho