ESPORTE

Na Venezuela, medalhistas dos jogos Pan-Americanos são condecorados por Maduro

Desempenho venezuelano melhorou em relação à disputa anterior, apesar das dificuldades impostas pelo bloqueio econômico

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |

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Nicolás Maduro anunciou uma comissão formada por três ministros e sete dos atletas medalhistas para pensar na preparação para as Olimpíadas
Nicolás Maduro anunciou uma comissão formada por três ministros e sete dos atletas medalhistas para pensar na preparação para as Olimpíadas - Foto: Ministério do Esporte

Os 287 atletas da delegação venezuelana que foi até o Peru disputar os Jogos Pan-Americanos de Lima 2019 trouxeram de volta para casa 43 medalhas no pescoço -- nove de ouro, uma a mais do que na última edição no Jogos Pan-Americanos, no Canadá em 2015.

Entre os campeões venezuelanos está Júlio Mayora, de 22 anos, atleta de levantamento de peso categoria 75 kg, ganhador de medalha de ouro. Em entrevista ao Brasil de Fato, ele falou sobre a emoção de levar o nome de seu país ao lugar mais alto do pódio. “Me sinto ainda mais motivado agora, emocionado e feliz. Deus me deu a oportunidade de vencer essa competição e essa medalha eu dedico à toda Venezuela”, disse o atleta.

Júlio e seus companheiros que competiram nos Jogos Pan-Americanos de Lima foram recebidos pelo presidente Nicolás Maduro, na última quinta-feira (15). Na oportunidade os medalhistas foram condecorados com a medalha de honra ao mérito Ordem Francisco de Miranda. “Um merecido reconhecimento ao seu esforço e perseverança para levar nossa bandeira tricolor ao topo do pódio”, congratulou Maduro.

O presidente Nicolás Maduro anunciou uma comissão formada por três ministros e sete dos atletas medalhistas para elaborar um plano de preparação para os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020.

Esporte de alto rendimento em meio ao bloqueio

Apesar das dificuldades financeiras e do bloqueio internacional, a Venezuela tem conseguido manter o patrão de qualidade e treinamento de seus esportistas. De maneira geral, os esportistas venezuelanos não contam com patrocínios privados e a situação piorou devido ao bloqueio, pois as marcas não querem vincular seus nomes à Venezuela, com medo das sanções dos Estados Unidos.

Os atletas recebem um salário, mas que nem sempre é suficiente. “Recebo um salário do Estado, de qualquer maneira às vezes tinha que pedir dinheiro a minha mãe, minha tia, para poder vir treinar. Sempre me mantive firme. Treino desde os 9 anos, mas com 17 anos pensei em deixar porque precisava trabalhar. E meu treinador sempre me incentivou muito”, afirma o campeão pan-americano.

Génesis Rodríguez, de 25 anos, foi a primeira atleta venezuelana a ganhar o ouro em Lima. Ela foi campeã em levantamento de peso, na categoria 55 kg. “Essa competição não foi nada fácil. Competi com rivais muito fortes de Colômbia, Estados Unidos e México que são potências esportivas. Mas me preparei muito para dar o melhor de mim, para superar também minhas próprias marcas e consegui”, afirma.

 

Competidora venezuelana Génesis Rodríguez ganha medalha de ouro (Foto: Jogos Pan-Americanos)

Segundo Génesis, a maior dificuldade para qualquer atleta são os longos meses que passa longe da família para treinar. “Para vencer as dificuldades meu conselho é treinar e treinar, assim vai rompendo todas as barreiras”. E manda um recado às crianças que desejam ser atletas. “A todas as crianças deixo meu convite a fazer esporte, para ter qualidade de vida e que sigam em frente apesar dos obstáculos que possam surgir”.

Agora os venezuelanos preparam sua delegação para os Jogos Parapan-Americanos, entre os dias 23 de agosto e 1 de setembro, também em Lima, no Peru.

Edição: Rodrigo Chagas