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Como está a questão armamentista entre Estados Unidos e Rússia?

EUA e Rússia encerram tratado de desarmamento nuclear assinado na Guerra Fria

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Presidente dos EUA, Ronald Reagan (à direita), e o presidente da União Soviética, Mikhail Gorbachev, assinam o tratado das Forças Nucleares
Presidente dos EUA, Ronald Reagan (à direita), e o presidente da União Soviética, Mikhail Gorbachev, assinam o tratado das Forças Nucleares - Reuters
EUA e Rússia encerram tratado de desarmamento nuclear assinado na Guerra Fria

Os Estados Unidos e a Rússia encerraram no dia 2 de agosto, um acordo de desarmamento nuclear, intitulado Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário, assinado nos últimos anos da Guerra Fria. 

A sede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, o Pentágono, informou nesta segunda-feira (19), o teste de um míssil que atingiu seu alvo depois de percorrer mais de 500 km. Esse foi o primeiro teste desde que os Estados Unidos abandonaram o tratado. O encerramento do tratado reacendeu o medo de uma corrida armamentista entre as potências mundiais.

Brasil de Fato recebeu a pergunta da estudante Victória Letícia, que gostaria de saber sobre a questão armamentista entre os dois países. 

O Professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC) e jornalista Igor Fuser responde a pergunta do quadro. Para ele, a partir desta semana, uma ameaça de guerra se torna mais eminente e o mundo se torna mais inseguro, por conta da política belicista do presidente Donald Trump.

“O principal acordo para limitação de armas nucleares foi definitivamente encerrado nesta segunda-feira (19). Trata-se do acordo assinado pelos Estados Unidos e pela Rússia em 1988, ainda durante a Guerra Fria. Esse tratado proíbe as armas nucleares de alcance intermediário entre 500 km e 5.500km, dizendo respeito principalmente ao território Europeu. Esse foi o principal acordo de controle de armas nucleares já assinados até agora e ele foi jogado no lixo pela decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de se retirar desse acordo. Essa decisão foi tomada cerca de três semanas atrás. Hoje a Rússia, respondendo a atitude dos Estados Unidos, também se retirou desse acordo. A consequência mais imediata é o risco de uma nova corrida armamentista entre os dois países e possivelmente a China. A Rússia tem criticado os Estados Unidos pela sua postura belicista, se recusando a reduzir o armamento nuclear e mantendo seus gastos militares em um patamar extremamente superior ao das outras potências. Para termos uma ideia, os Estados Unidos gastam por ano mais de 700 bilhões de dólares em armas, enquanto a Rússia gasta apenas 48 bilhões, ou seja, menos de um décimo do gasto Estadunidense em armas nucleares. O que se espera é que os Estados Unidos instalem esses mísseis de alcance médio na Ásia, como uma ameaça aos Chineses. O governo do Trump, quando perguntado sobre esse assunto, diz que está disposto a assinar um acordo de limitação de armas nucleares com a China e com a Rússia. Ocorre que esse acordo congelaria uma situação de absoluta assimetria, ou seja, desigualdade, já que o número de armas dos Estados Unidos é muitas vezes superior aos arsenais de chineses e russos”.

Edição: Michele Carvalho