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A quem serve o conhecimento produzido no Brasil?

Ensino, pesquisa e extensão são os três pilares da produção e disseminação do conhecimento científico nas instituições

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
A pesquisa, além de contribuir na formação de mestres e doutores, é a ponta de lança na produção de novos saberes.
A pesquisa, além de contribuir na formação de mestres e doutores, é a ponta de lança na produção de novos saberes. - Marcos Solivan

Você sabia que mais de 90% da ciência no Brasil é produzida pelas universidades públicas? E do que é feita essa universidade? O ensino, a pesquisa e a extensão são os três pilares da produção e disseminação do conhecimento científico nessas instituições.

O ensino, principalmente nos cursos de graduação, é o responsável pela formação acadêmica de milhares de jovens que tiveram acesso aos bancos universitários facilitados por diversas políticas públicas ao longo dos últimos 15 anos.

A pesquisa, além de contribuir na formação de mestres e doutores, é a ponta de lança na produção de novos saberes e contribui diretamente com o avanço da ciência no Brasil. A extensão fomenta o desenvolvimento da arte e da cultura, bem como se desdobra em ações, programas e projetos em que a universidade devolve diretamente para a sociedade o conhecimento que produz.

Em 15 de agosto se encerra o prazo dado pelo Ministério da Educação para a consulta pública sobre o Programa Future-se, lançado há um mês. Sem qualquer diálogo com as universidades e outras entidades, o MEC lançou mão de uma forte campanha midiática para apresentar e defender o programa, como se fosse a salvação do ensino superior brasileiro. Mas, ao se debruçar sobre a proposta, quase todas as universidades federais já se posicionaram contra esse modelo.

Porque a ideia do governo é terceirizar a gestão das universidades para organizações sociais e criar um fundo de investimentos para a transferência de recursos públicos à iniciativa privada. Além disso, o programa visa a financiar apenas pesquisas que deem lucro ao mercado, deixando de lado áreas de interesse social. E, mais grave, o Future-se prevê a possibilidade de abrir os hospitais universitários para os planos de saúde, destruindo a ideia do SUS público e gratuito para todos. É preciso que a sociedade diga NÃO ao Future-se, pois, do contrário, esse será o fim das universidades públicas no Brasil.

Daniel Mittelbach, coordenador do Sindicato dos Trabalhadores em Educação das Instituições Federais de Ensino Superior no Estado do Paraná, Sinditest

Edição: Laís Melo