Rio de Janeiro

REAÇÃO

Milhares vão às ruas do Rio de Janeiro contra Bolsonaro e devastação na Amazônia

Protestos contra a destruição da Floresta Amazônica acontecem em pelo menos 60 cidades do Brasil até domingo (25)

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |

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O aumento dos incêndios na região amazônica foi de 82%, se comparado ao mesmo período do ano passado, segundo dados do INPE
O aumento dos incêndios na região amazônica foi de 82%, se comparado ao mesmo período do ano passado, segundo dados do INPE - Clívia Mesquita

Milhares de pessoas saíram às ruas no centro do Rio de Janeiro na última sexta-feira (23) em protesto contra o governo de Jair Bolsonaro (PSL) e a política ambiental do ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles. Manifestantes com cartazes "Bolsonaro sai, Amazônia fica", entre outros, se concentraram às 17h nas escadarias do Palácio Pedro Ernesto, na Cinelândia, e depois caminharam até o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES), no centro da cidade. 

O aumento de 82% dos incêndios nas regiões amazônicas, se comparado ao mesmo período do ano passado, segundo dados do INPE, tem comovido a opinião pública e causado repercussão internacional. 

"Você não me engana, o latifúndio botou fogo na Amazônia", entoava a multidão que ocupou meia pista da Avenida República do Chile. A palavra de ordem foi uma resposta ao presidente que insiste em acusar, sem provas, as ONG's ambientais como responsáveis pelas queimadas. 

"O que acontece com este senhor [Bolsonaro] é o discurso ideológico do colonizador escravista, que nos acompanha desde 1500", disse ao Brasil de Fato Michael Baré Tikuna, da tribo Arauak, do Amazonas. O historiador e técnico em arqueologia fez um discurso para o público que se aglomerou em roda na abertura do ato organizado pelo coletivo Amazônia na Rua.

"Esse discurso colonizador fez de tudo para dissociar o povo brasileiro do povo indígena. O que está acontecendo é uma repetição piorada do que aconteceu nos séculos passados. A história quando é mal contada corre o risco de se repetir cada vez pior e ao infinito", enfatiza a liderança da Aldeia Maracanã. Baré Tikuna foi o primeiro indígena a ingressar pelo sistema de cotas na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), em 2009.

No início da noite, a reportagem encontrou a atriz e psicóloga Maria Paula, entre os manifestantes na Praça Floriano indo em direção à Avenida Treze de Maio. Ela ressaltou as raízes indígenas dos brasileiros e o compromisso em defender os povos originários. 

"A gente precisa fazer o que puder pra preservar a Amazônia e os povos da floresta. Sou uma pessoa completamente encantada pelas minhas raízes e acho que a gente tem que admirar a nossa herança indígena. O que está acontecendo é muito sério. Além de todas as ameaças a fauna e a flora, tem um monte de gente vivendo lá dentro", disse a atriz. 

Atriz Maria Paula também estava na manifestação pela Amazônia no centro do Rio (Foto: Clívia Mesquita)

A estudante de biologia Luiza Rosa estava acompanhada de amigos empunhando cartazes feitos de papelão. Para ela, era uma questão de “honra” participar da manifestação. Protestos contra a destruição da Floresta Amazônica estão sendo organizados em pelo menos 60 cidades do Brasil e 19 países até domingo (25).

"Os brasileiros e o mundo precisam da Amazônia. Estava em casa chorando por alguns dias, me sentindo inútil. Quando descobri esse ato não pensei outra coisa e vim apoiar. É uma questão de honra porque sempre fui ambientalista, preocupada com a natureza e os seres humanos", disse Luiza que participou pela primeira vez de uma manifestação. "É a minha causa e a de todos nós!", completa.

Durante um pronunciamento do presidente na noite de sexta-feira (23) em rede nacional, Bolsonaro foi alvo de panelaços e gritos de "Fora Bolsonaro" em várias cidades. No domingo (25), às 14h, outro protesto a favor da fiscalização e preservação da Amazônia acontece na Praia de Ipanema.

Edição: Mariana Pitasse