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Conhecido por programação política e cultural, Armazém do Campo Recife abre cineclube

Projeto exibe filmes e debate temas sociais junto com profissionais do cinema e movimentos populares

Brasil de Fato | Recife (PE) |
A Mostra Contragolpe reúne filmes brasileiros que reúnem narrativas sobre a conjuntura política brasileira
A Mostra Contragolpe reúne filmes brasileiros que reúnem narrativas sobre a conjuntura política brasileira - Divulgação

Uma iniciativa da Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-metragistas (ABD), Mulheres no Audiovisual PE (MAPE) e da Frente Brasil Popular vem organizando cineclubes em diversos bairros de recife, a partir do projeto Movimenta Cineclubes. Sessões já aconteceram em mais de 25 bairros e agora o Armazém do Campo Recife também faz parte do projeto. A proposta é aliar luta popular e difusão da produção audiovisual, como explica o diretor e membro da ABD Marcelo Pedroso “O objetivo é criar cineclubes em espaços que envolvam organizações populares. Não avulsos, mas ligados a alguma associação, movimento ou organização, sempre nos territórios onde a Frente Brasil Popular atua” explica.
A ideia de incluir o Armazém do Campo veio por esse já ser um local conhecido pelas atividades políticas e culturais gratuitas, que têm atraído pessoas a debaterem os rumos da política no estado e no país. Por ser numa área central da cidade, o cineclube do Armazém reúne pessoas de diversas regiões da cidade e de diferentes realidades para discutir temas sociais. Nessa primeira fase de exibição, os organizadores decidiram montar uma mostra, com uma seleção de filmes voltados a temas que se relacionam.
A Mostra Contragolpe reúne filmes brasileiros produzidos nos últimos três anos e que reúnem narrativas sobre o atual processo político do Brasil, com filmes que falam de democracia, ruptura institucional, golpe, o avanço da extrema direita e do neofascismo. Após a exibição das produções, um grupo de debatedores convidados iniciam a discussão do filme junto com o público, ressaltando elementos e fazendo paralelos com o cotidiano.
Marcelo relembra os temas abordados nas sessões anteriores “São filmes, todos brasileiros. A gente abriu a mostra com um filme chamado “Martírio”, que mostra o processo histórico do povo Guarani Kaiowá e a resistência deles e diversas fases da histórica, da colonização até agora. O outro filme se relacionou mais direto com a política, que foi o “Entre os homens de bem”, que mostra o deputado Jean Wyllys e a militância dele dentro do Congresso na defesa da população LGBT. Todos os filmes têm um debate muito contemporâneo sobre o momento atual do Brasil e que a gente elegeu pra pensar melhor, com várias nuances, compondo uma narrativa sobre o que estamos vivendo e oferecem linhas de análise”.
As sessões têm reunido um público médio de 80 a 100 pessoas por filme. Na última quarta-feira (21), foi exibido o filme “Bora Ocupar”, dirigido por Soraia de Carvalho, que fala sobre as ocupações em escolas e universidades no fim de 2016, contra a PEC do congelamento do investimento na educação.
Nessa quarta (28), acontece a sessão "Censura Nunca Mais" com cinco filmes censurados pelo governo após a suspensão de editais de séries LGT's na TV pública. Serão exibidos "Afronte", de Bruno Victor Santos e Marcus Azevedo; "Nosso Sagrado", dirigido por Fernando Souza, Gabriel Barbosa e Jorge Santana; "Aqueles Dois" de Emerson Maranhão; "Mente Aberta" de Getúlio Ribeiro e "Rebento", dirigido por Vinícius Elizário. Para as próximas sessões, que acontecem quinzenalmente, estão previstos os filmes “Auto de Resistência”, Dirigido por Natasha Neri e Lula Carvalho e “O Processo”, de Maria Ramos. Após o fim da Mostra, o grupo que organiza as sessões preparará um novo ciclo de exibições, que pode ou não ser temático. Para acompanhar a programação do cineclube do Armazém e de outros espalhados na região metropolitana é possível acompanhar o Movimenta Cineclubes no instagram, no @movimentacineclubes e também pelo Facebook.

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Edição: Monyse Ravenna