Perseguição

Abalada por denúncias de ilegalidades, Lava Jato revida com ação contra Lula e irmão

MPF denuncia ex-executivo da Odebrecht, ex-presidente e seu irmão Frei Chico por "corrupção", mas não aponta crimes

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Petista fez último ato público antes da prisão na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo (SP)
Petista fez último ato público antes da prisão na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo (SP) - Foto: Ricardo Stuckert

O Ministério Público Federal em São Paulo apresentou nesta segunda-feira (9) nova denúncia por corrupção contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desta vez, os operadores da Lava Jato incluem na ação o irmão de Lula, Frei Chico, e um ex-executivo da Odebrecht, Alexandrino de Salles Ramos Alencar – por acusação de “corrupção ativa continuada”. A medida ocorre um dia depois de novas revelações da Vaza Jato, pelo Intercept Brasil, em parceria com a Folha de S. Paulo.

As denúncias deste domingo (8) são consideradas as mais graves ilegalidades praticadas pela força tarefa comandada pelo ex-juiz Sergio Moro, hoje ministro de Bolsonaro, e pelo procurador do MPF no Paraná Deltan Dallagnol. Segundo os diálogos reportados, no conluio da Lava Jato, além de captar ilegalmente conversas entre Lula e a ex-presidenta Dilma Rousseff, ainda no exercício no cargo, Moro e companhia esconderam a maior parte dos áudios grampeados. Isso porque o conteúdo comprovava que Lula não estava aceitando o posto de ministro-chefe da Casa Civil para sair do foco de Curitiba, e sim para liderar uma articulação com vistas a debelar a crise política que paralisava o país.

Esta edição da Vaza Jato foi também a que mais desencadeou repercussões negativas para as práticas ilegais da Lava Jato. De acordo com monitoramento de redes sociais a que a RBA teve acesso, 91% das menções à Lava Jato feitas nas redes depois das revelações deste domingo foram negativas para a operação. Trata-se da maior derrota do lavajatismo junto à opinião pública desde as primeiras revelações do Intercept, há exatos três meses.

A denúncia oferecida hoje pelos procuradores da Lava Jato contra Lula repete, de acordo com a defesa do ex-presidente, as “mesmas e descabidas acusações já apresentadas em outras ações penais”. Em nota, o advogado Cristiano Zanin Martins afirma que Lula jamais ofereceu ao Grupo Odebrech qualquer “pacote de vantagens indevidas”. Zanin assinala que a presente denúncia do MPF em São Paulo “não descreve e muito menos comprova” qualquer ato ilegal praticado pelo ex-presidente.

“Mais uma vez o Ministério Público recorreu ao subterfúgio do ato indeterminado, numa espécie de curinga usado para multiplicar acusações descabidas contra Lula. O ex-presidente também jamais pediu qualquer vantagem indevida para si ou para qualquer de seus familiares”, afirma o advogado, observando a divulgação da ação após as “graves” denúncias da Vaza Jato, mostrando a ocultação de provas de inocência e ação indevida e ilegal voltada a romper a democracia no país.

“O uso de processos criminais e a repetição das mesmas e descabidas acusações em processos diferentes comprova que Lula é vítima de lawfare, que consiste no abuso das leis e dos procedimentos jurídicos para promover perseguições política”, reitera Zanin.

A notícia divulgada pelo MPF em São Paulo pode ser lida aqui.

Edição: Rede Brasil Atual