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Início Política

DITADURA NUNCA MAIS

Pela memória e justiça: “O sonho do Fernando não se apaga nunca”

Em desagravo às manifestações de Bolsonaro, uma homenagem ao militante Fernando Santa Cruz foi realizada em Porto Alegre

10.set.2019 às 11h26
Atualizado em 01.fev.2020 às 18h51
Porto Alegre (RS)
Fabiana Reinholz
Sobrinho de Fernando, Antônio Augusto Santa Cruz, representou a família

Sobrinho de Fernando, Antônio Augusto Santa Cruz, representou a família - Foto: Fabiana Reinholz

“Hei de vê-lo voltar, o meu doce consolo, o meu filhinho. Passam-se anos, e o véu do esquecimento baixando sobre as coisas tudo apaga. Menos da mãe, no triste isolamento, a saudade que o coração lhe esmaga." O poema foi escrito por Elzita Santa Cruz, a dona Zita, mãe de Fernando Santa Cruz, desaparecido político e recente alvo de ataques do presidente Jair Bolsonaro. Como forma de desagravo, foi realizada, no sábado (31), uma cerimônia no Memorial Luiz Carlos Prestes que homenageou a memória e a história de Fernando. Representando a família, esteve o sobrinho Antônio Augusto Santa Cruz.

Evento lotou o Memorial Luiz Carlos Prestes | Foto: Fabiana Reinholz  

Dona Zita morreu aos 105 anos, no dia 25 de junho, sem saber o que aconteceu com o seu filho. Também não viu os ataques feitos pelo presidente Jair Bolsonaro ao neto Felipe Santa Cruz, presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), e filho de Fernando. “Vó Zita iniciou sua saga por prisões, quartéis e órgãos de repressão à procura dos filhos. Sempre foi grande defensora dos direitos humanos e, maiormente, da democracia. Tio Fernando foi o primeiro a ser preso”, expôs Augusto.

O primeiro ataque feito por Bolsonaro à família ocorreu no dia 29 de julho, quando deu a entender o que havia acontecido com Fernando. “Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, conto pra ele. Ele não vai querer ouvir a verdade. Conto pra ele. Não é minha versão. É que a minha vivência me fez chegar nas conclusões naquele momento. O pai dele integrou a Ação Popular, o grupo mais sanguinário e violento da guerrilha lá de Pernambuco, e veio desaparecer no Rio de Janeiro”, apontou. Posteriormente Bolsonaro chegou a afirmar que o pai de Santa Cruz foi morto pelo grupo de esquerda do qual fazia parte, e não pelos militares.

A afirmação é desmentida pelo relatório da Comissão Nacional da Verdade, que afirma que Fernando Santa Cruz e o amigo Eduardo Collier Filho provavelmente foram presos por agentes do Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) no Rio de Janeiro.

Pedro Ruas mostra única foto de Fernando com seu filho | Foto: Fabiana Reinholz 

O ex-deputado Pedro Ruas (PSOL), organizador do evento, explicou que a homenagem começou a ser articulada desde o dia da declaração de Bolsonaro. “Quando houve o ataque de Bolsonaro ao presidente da OAB, usando a figura honrada de Fernando Santa Cruz, o presidente da República atacou os mortos, os desaparecidos, os torturados, os presos, os cassados e os seus familiares”, afirmou.

O evento, no qual participaram políticos do PT, do PCdoB, do PSTU e militantes de movimentos sociais, foi permeado por discursos e apresentações musicais de Raul Ellwanger, que interpretou “Eu só peço a Deus”, do compositor Leon Gieco, e a cantora Karen Roberta de Moura, com “O bêbado e a equilibrista”, hino da anistia que também está completando 40 anos, de João Bosco e Aldir Blanc.

Manifestações 

Olívio Dutra | Foto: Fabiana Reinholz  

A primeira manifestação foi feita pelo ex-governador Olívio Dutra, que salientou que não podemos esquecer aqueles que deram a vida pelo bom combate. “Sofremos uma enorme violência quando esse presidente (Bolsonaro) se referiu ao Fernando como se referiu. A democracia precisa ser resgata e, acima de tudo, qualificada. O sonho do Fernando não se apaga nunca”, frisou.

Manuela D'Ávila | Foto: Fabiana Reinholz   

Para Manuela D'Ávila, precisamos da democracia para garantir a nossa liberdade. Em sua avaliação, se tivéssemos valorizado a memória e a justiça, não estaríamos vivendo o governo Bolsonaro. “Se nós tivéssemos conversado com os brasileiros e as brasileiras sobre Fernando Santa Cruz, Luiz Carlos Prestes e a guerrilha do Araguaia, se tivéssemos conversado sobre Ustra, a ditadura militar e a tortura, se tivéssemos falado sobre a chacina Lapa, sobre a Casa da tortura, se tivéssemos falado de forma não romantizada dos que abriram mão da sua juventude para que nós pudéssemos viver a democracia, nós não teríamos Jair Bolsonaro governando o Brasil”, ressaltou.

Fernanda Melchionna | Foto: Fabiana Reinholz  

Complementando a fala da Manuela, a deputada Federal Fernanda Melchionna (PSol) salientou que uma história não contada faz com que se possa repetir erros no presente e no futuro. “A ausência de justiça de transição também determina muito do que vivemos atualmente. Infelizmente o Brasil é o único país da América Latina que não fez justiça de transição, que não puniu os torturadores, que não puniu os comandantes da Casa da morte, que não puniu os militares e os empresários da ditadura civil-militar que apoiaram os anos de chumbo. É muito importante fazer e seguir a luta por memória, verdade e justiça num tempo complexo”, afirma.

Houve manifestações de outras lideranças de partidos de esquerda e parlamentares, como o e ex-ministro Miguel Rossetto, as deputadas estaduais Sofia Cavdon (PT) e Luciana Genro (PSol) e o vereador Roberto Robaina (PSol), dentre outros.

Famílias em luta 

Emocionado, Augusto, que não chegou a conhecer o tio, em sua fala, frisou o papel da sua avó e a trajetória de sua família. “A busca de vovó Elzita pelo seu filho consistiu na peregrinação por quartéis, como o DOI-Codi, e procura por entidades, políticos e autoridades do regime, além da Cruz Vermelha, Anistia Internacional e Organização dos Estados Americanos. Acabou tornando-se símbolo da resistência. Lutou até quando pôde pela descoberta do paradeiro de tio Fernando, embora não tivesse mais pretensões de descobrir a identidade dos possíveis assassinos do filho. Vovó perdeu a lucidez há apenas três anos, ou seja, aos 102. Morreu aos 105 anos, sem saber a verdade sobre a morte do seu filho.

Ao final do discurso, Augusto leu o atestado de óbito de Fernando, que atesta seu falecimento “em razão de morte não natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro, no contexto da perseguição sistemática e generalizada à população identificada como opositora política ao regime ditatorial de 1964 a 1985”.

Na plateia, por diversas vezes emocionada, estava Sônia Maria Haas, irmã mais nova de João Carlos Haas Sobrinho, o Dr Juca, morto na guerrilha do Araguaia, em 1972, aos 31 anos.

Assim como a família Santa Cruz, a família Haas recebeu a certidão de óbito retificada, que atesta a morte não natural, violenta, causada pelo regime militar. “Faleceu entre setembro e outubro de 1972, sendo a data mais provável o dia 30 de setembro de 1972, sendo Xambioá, Tocantins, no âmbito do evento reconhecido como Guerrilha do Araguaia”, atesta o óbito.

Sônia mostra a certidão ao busto em homenagem ao irmão, em São Leopoldo | Foto: Thales Ferreira / Prefeitura de São Leopoldo 

João Carlos, natural de São Leopoldo, formado em medicina, foi líder do centro acadêmico, e com o golpe de 64, foi preso em abril daquele ano, permanecendo um mês nessa situação. Depois de concluída a residência no hospital Ernesto Dorneles, partiu para São Paulo, em janeiro de 66. A última carta que a família recebeu foi em julho de 69.

A partir de então, a saga para encontrá-lo foi sem sucesso. Somente em 79, com o lançamento do livro “Guerra de Guerrilhas no Brasil: a saga do Araguaia”, de Fernando Portela, o nome de João figuraria na relação de “desaparecidos”. A partir do lançamento do livro e de entrevistas que vão aparecendo, a família passa a ter um vislumbre do destino de Juca. “Com as revelações, a gente começa a entrar nesse processo da perda, confirmando no livro, depois entrevistas. Começamos a viver esse processo de desaparecimento e dessa morte presumida porque não tinha comprovante”, aponta Sônia.

Sônia era criança quando o irmão desapareceu, e isso a marcou, transformando em missão de vida pelo seu irmão e pelos pais. “Tudo isso é mexer na ferida, se expor. Eu me enxerguei na fala de Augusto há 40 anos atrás, quando comecei essa luta”. Os restos mortais de Juca nunca foram encontrados e devolvidos aos familiares.

Assista a cobertura da Rede Soberania:

:: Clique para ler a manifestação completa de Augusto ::

 

Editado por: Marcelo Ferreira
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