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Coluna | Observatório dos conflitos urbanos de Curitiba de agosto

Confira o resumo dos principais protestos ocorridos em Curitiba e Região Metropolitana

Curitiba |
Várias manifestações por educação aconteceram em agosto
Várias manifestações por educação aconteceram em agosto - Eduardo Matysiak

Esta é a coluna mensal do Observatório dos Conflitos Urbanos de Curitiba, que apresenta o resumo dos principais protestos ocorridos em Curitiba e Região Metropolitana ao longo do mês de agosto. O Observatório é composto por professores e pesquisadores da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Protestos por educação
Em agosto, ocorreram grandes mobilizações em defesa da educação pública e autonomia universitária nas ruas de Curitiba. Logo no início do mês (9), Guilherme Boulos foi impedido de dar palestra no Instituto Federal de Educação do Paraná e, em protesto, alunos se reuniram do lado de fora e realizaram o evento. Em nota, a instituição declarou que o motivo do cancelamento foi o processo de consulta eleitoral para os cargos de reitor e diretor-geral do campus, cujo regulamento veda vinculação com partidos políticos. Para Boulos, a ação foi censura.
Houve ainda a paralisação dos professores de sete universidades estaduais do Paraná, que desde o fim de junho reivindicavam o arquivamento da Lei Geral das Universidades, que estabelece regras para a distribuição de recursos e altera a forma de administração, incluindo a terceirização de serviços, indicadores de qualidade, bônus por eficiência e outros parâmetros de gestão. Exigiam também reposição salarial, autonomia universitária, o fim da tramitação da PLC 04/2019 que congelava a data-base e avanços na carreira por 20 anos, realização de novos concursos e nomeação dos candidatos aprovados. A greve continuou até o dia 12 de agosto, quando foi aceita a proposta de reposição salarial de 5%, sendo 2% em janeiro.
No dia seguinte, em 13 de agosto, Curitiba assim como as demais capitais do Brasil, foi movimentada pela Greve Nacional da Educação e o Dia Nacional de Mobilização contra a Reforma da Previdência e em Defesa da Educação Pública, reunindo cerca de 10 mil manifestantes, entre docentes, estudantes, trabalhadores e movimentos sociais na Praça Santos Andrade, que seguiram em passeata até a Boca Maldita, em defesa da autonomia universitária, contra os cortes de investimentos na educação pública e contra o programa ‘Future-se’, do Ministério da Educação (MEC). Chamado de Terceiro Tsunami da Educação, promovido na sequência das manifestações nacionais realizadas em maio contra o corte de 30% das verbas de custeio promovido pelo governo federal.
Para os manifestantes, essas medidas propostas pelos governos federal e Estadual ameaçam o funcionamento e autonomia das universidades, atacam a liberdade e funcionalidade do ensino superior, ao entregarem as instituições à lógica de mercado, precarizando o ensino público e os rumos da inclusão no acesso à ciência e ao conhecimento. Os protestos em defesa da educação pública e de qualidade foram os mais recorrentes em Curitiba no mês de agosto.

Solidariedade à população em situação de rua
No dia 24 de agosto, o AnitA Restaurante e Petiscaria recebeu protesto solidário durante o almoço através de representantes de ONGs e voluntários que ajudam pessoas em situação de rua. Nas semanas anteriores, o restaurante vinha recebendo ameaças de um comerciante que prometia denunciar a ação de distribuir comida gratuitamente para pessoas em situação de rua e de baixa renda, dizendo que o estabelecimento estava transformando a região do Barreirinha numa “Cracolândia”. Um dos sócios do AnitA escreveu numa postagem que a ação social continuará.

SOS Amazônia
Na sexta-feira, 23, ocorreu ato organizado em redes sociais por estudantes da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e pelo coletivo CWB Resiste, que reuniu os manifestantes na Praça 19 de Dezembro, em defesa da floresta e contra os incêndios criminosos que estão acontecendo na Amazônia. Dentre as pautas do protesto, o fato de o presidente Bolsonaro cortar 50% dos recursos do IBAMA para a construção do Prevfogo, um centro de prevenção de incêndios, além de haver R$ 5,4 milhões sacados do ICMBio para fiscalização e combate a incêndios ambientais. Outra manifestação com o mesmo cunho ocorreu no dia 24, sábado, na região entre o Largo da Ordem e a Praça Tiradentes, no evento intitulado “Ato Para Limpar as Ruas”. Além dessas atividades, em Curitiba ocorreram Jornada de Agroecologia, protesto de auditores fiscais, de motoboys contra empresa de entregas, de taxistas e de moradores de Almirante Tamandaré contra mortes na rodovia.
 

Edição: Frédi Vasconcelos