Carta póstuma

No Rio, trabalhadores dos Correios fazem velório simbólico de Bolsonaro

Funcionários da estatal em todo Brasil suspendem paralisação, mas mantêm "estado de greve" até julgamento do dissídio

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Foto do presidente e do personagem Johnny Bravo estavam estampadas no caixão
Foto do presidente e do personagem Johnny Bravo estavam estampadas no caixão - Sindect-RJ

Os trabalhadores dos Correios fizeram um protesto bem-humorado na frente da sede da estatal, no Rio de Janeiro, contra a privatização da empresa. Durante o ato na noite desta terça-feira (17) eles promoveram um velório simbólico do presidente Jair Bolsonaro (PSL), com direito a caixão, velas, coroa de flores e até uma foto do personagem Johnny Bravo, com quem Bolsonaro diz se identificar. 

Cerca de 500 trabalhadores participara do protesto. O caixão foi velado na calçada da rua 1º de Março, sede dos Correios, no centro da cidade.

Para os sindicalistas, a privatização acabará com a integração nacional promovida pelos Correios, que atende todas as cidades do país. Na lógica empresarial, só haveria interesse em manter as operações nas 324 cidades que dão lucro. 

Em todo o país, foram realizadas assembleias nos sindicatos filiados a duas federações, Findect e Fentect. Os trabalhadores decidiram interromper a paralisação iniciada semana passada e manter o estado de greve até o julgamento do dissídio, marcado para o dia 2 de outubro. 

A greve se deu porque a direção da estatal abandonou as negociações com os sindicatos sem apresentar uma proposta de reajuste com aumento real. 

A tensão entre trabalhadores e Correios envolve ainda retirada de direitos, como a exclusão dos pais dos empregados do plano de saúde. A proposta de reajuste oferecida pela estatal foi de 0,8%, bem abaixo da inflação no período. que ultrapassou os 3%. 

Os Correios também querem a retirada de benefícios históricos como o tíquete refeição no 13º e nas férias, além de redução do adicional noturno, de 60% para 20%.

Edição: João Paulo Soares