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Início Política

PRODUÇÃO

Quem são as famílias que vivem no Assentamento Normandia?

Assentados produzem toneladas de alimentos para escolas de Caruaru, o Instituto Federal de Pernambuco e outras cidades

23.set.2019 às 09h00
Caruaru (PE)
Vinicius Sobreira
Sebastião considera que sua vida é feliz, com filhos e netos por perto, trabalhando no seu próprio roçado

Sebastião considera que sua vida é feliz, com filhos e netos por perto, trabalhando no seu próprio roçado - Vinícius Sobreira

O trabalhador rural Sebastião Manoel da Silva, hoje com 66 anos, chegou à antiga Fazenda Normandia no início dos anos 1970, quando ainda era um garoto de nove anos, já que o pai passou a trabalhar para os antigos proprietários. As casas de taipa em que viviam pertenciam à fazenda. Os trabalhadores perdiam quase todo o salário pagando o aluguel, comprando leite e comida. Cada casa tinha direito a apenas duas latas d'água por dia, já não tinham abastecimento.
Ele recorda de uma situação quando a esposa estava grávida. "À noite uma parte da casa estalou. Nós saímos, porque a casa estava perto de cair. De manhã, quando fui falar com o administrador da fazenda, ele fez piadas e não resolveu. Disse para a mulher passar o dia na casa e à noite dormirmos fora", recorda, ainda indignado. O casal foi morar num galpão da fazenda e, quando o administrador soube, mandou uma intimação judicial para deixarem o local.
Sebastião lembra bem o dia em que teve o primeiro contato com o MST, organização que ele já conhecia pela televisão. "Era uma segunda-feira, ia dar 7 horas da manhã. Eu estava com dor de dente e fui avisar que não conseguiria ir trabalhar. Se eu só faltasse, eles diziam que estávamos bêbados ou de ressaca. Ninguém podia adoecer", inicia. "Quando estava no caminho para a casa grande, vi dois senhores carregando sacos nas costas, pedindo informação sobre a caixa d'água. E vi que eles estavam com bonés do MST. Percebi que a fazenda estava sendo ocupada pelos sem terra. Quando cheguei na casa grande, de cima do prédio vimos as bandeiras", recorda.
Ele não possuía fazenda, empregados e o pouco de roça que usava, era frequentemente tirado dele sob acusação de roubo. Para ele foi fácil a escolha de se somar ao MST e fazer daquelas terras um novo lugar. Dos nove trabalhadores da fazenda, só ele quis ficar. "Mudou muita coisa desde que os sem terra chegaram aqui. Entrou muito projeto do governo, o Incra nos ajudou a construir casas para nós. Graças a Deus estou muito satisfeito e tranquilo", conta. Aposentado, assim como a esposa, Sebastião considera que sua vida é feliz, com filhos e netos por perto, trabalhando no seu próprio roçado, onde planta milho, feijão, palma "e mais uma pá de coisas".
Ele lamenta a novidade por parte do Incra. "É um negócio negativo. O Centro [Paulo Freire] e a Agroindústria são boas presenças. Tudo o que precisamos a Associação nos ajuda. Muita gente estava desempregada, mas com essa firma eles conseguiram trabalho", conta. Sua filha Lucicleide Maria da Silva, de 42 anos, tornou-se liderança no assentamento. É vice-presidenta da associação de moradores e participa do grupo de boleiras, que produzem toneladas de pães e bolos anualmente para merendas escolares.
Nascida em Normandia, ainda nos tempos de fazenda, ela lembra que eram frequentemente removidos para o sítio vizinho, de nome Rafael. Quando o MST ocupou aquelas terras, em 1993, Cleide – como gosta de ser chamada – tinha 16 anos e já era casada, vivendo com o esposo na cidade de Toritama. Após a ocupação, passou a frequentar a antiga casa todos os fins de semana, trabalhando nos dois hectares de terra de seu pai e participando dos espaços formativos do Centro Paulo Freire, fundado em 1999. Quando se divorciou, em 2003, mudou-se permanentemente para Normandia, onde vive há 15 anos.
O grupo de boleiras que ela integra é formado por mulheres do assentamento. Elas começaram as atividades há quatro anos, fazendo cursos no Centro Paulo Freire. Hoje produzem pães e bolos de grande variedade: pão integral, de milho, de jerimum, beterraba e de leite; bolos de banana, cenoura, macaxeira, mandioca, leite e chocolate. A produção, segundo Cleide, já passa dos 10 mil quilos por ano, principalmente para escolas da Prefeitura de Caruaru e para o campus Caruaru do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), além do Armazém do Campo, no Recife, para onde também mandam empadas.


Questionada se o que foi feito nas duas décadas de assentamento seria diferente se não existisse o Centro Paulo Freire, ela não titubeia. "Com certeza seria diferente. Teríamos menos conhecimento. Viveríamos só plantando, sem os benefícios e projetos que nos ajudaram a continuar sobrevivendo", considera. Um dos momentos mais marcantes em que o centro mostrou sua importância foi nos recentes anos de seca no Nordeste, com uma estiagem que durou de 2010 a 2017. "Entregar o nosso centro para o Incra? Não. Se eles soubessem da vida do agricultor, não estariam fazendo isso com a gente", avalia.

Editado por: Monyse Ravenna
Tags: PERNAMBUCO
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