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Mulheres dos cinco continentes condenam ameaças militares contra a Venezuela

Congresso Internacional de Mulheres faz parte da agenda do Foro de São Paulo e reúne centenas de militantes em Caracas

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |

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Mulheres ocuparam as ruas do centro de Caracas em ato que entregou 13,2 milhões de assinaturas da campanha "No Más Trump"
Mulheres ocuparam as ruas do centro de Caracas em ato que entregou 13,2 milhões de assinaturas da campanha "No Más Trump" - Foto: Divulgação

Com o lema "Pela Paz e Solidariedade entre os Povos", centenas de mulheres de 16 países discutiram no I Congresso Internacional de Mulheres, durante o último fim de semana, os desafios da luta feminista em nível internacional e as formas de oferecer apoio às venezuelanas e à Revolução Bolivariana.

Foram três dias de mesas de debate sobre os direitos das mulheres negras, indígenas, LGBTI; além da contribuição do trabalho produtivo da mulher na defesa da soberania alimentar de cada país e o papel das mulheres na construção do poder popular.

Tudo isso misturado com a música de grupos locais venezuelanos e das Cantadeiras do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), do Brasil, que participaram do evento.

“Nesse congresso é importante reafirmar e fortalecer a luta internacional das mulheres. As Cantadeiras inauguram esse processo de representação internacional através da arte, num processo de luta que tem que ser internacional”, garante a cantadeira Guê Oliveira.

Durante o encerramento do congresso, a ministra de Mulher e Igualdade de Gênero da Venezuela, Asia Villegas, assegurou que: "Os que buscam a guerra são fundamentalmente patriarcais e o patriarcado coloca a mulher como um objeto de violência sexual e objeto de destruição da sua dignidade".

De forma unânime, as militantes sociais decidiram condenar o bloqueio e as sanções impostos pelos Estados Unidos à Venezuela, Cuba, Irã e outros países não alinhados aos interesses das potências ocidentais.

“Juntamos as mulheres aqui na Venezuela para dizer ao mundo que é necessário que esse bloqueio seja derrotado a partir de uma luta internacional, porque o povo venezuelano está resistindo, tem consciência do seu processo, e esse processo não tem volta. O povo está organizado, há um processo de construção do poder popular e isso é um aprendizado para nosso continente e para a classe trabalhadora do mundo”, afirma Guê Oliveira.

Segundo ela, o sucesso foi tanto que foi decidido que o Congresso de Mulheres acontecerá anualmente e será articulado por uma comissão internacional formada nesse encontro.

Também foi aprovada uma declaração final conjunta que "expressa solidariedade com as mulheres do mundo que lutam pela soberania e autodeterminação dos povos, contra o imperialismo e, especialmente, com aquelas que oferecem sua vida por uma sociedade mais justa, onde as mulheres possam decidir seu próprio destino”.

Identificar os males gerados pelo machismo na sociedade em geral e também nos espaços organizativos do campo progressista e popular foi outra tarefa assumida pelo congresso. "Hoje cada mulher assume o caminho da emancipação e da liberdade fazendo eco das lutas das mulheres", expressou Villegas.


Presidente, Nicolás Maduro, e vice-presidenta, Delcy Rodríguez, participaram do evento em Caracas (Foto: Divulgação)

Para as representantes do MST, o evento é mais uma expressão do protagonismo feminino nos processos de paz no mundo: “O olhar de justiça social das mulheres, o cuidado e essas vozes precisam estar presentes dando essa profundidade do que é construir a paz no mundo”.

Ao finalizar o encontro, as mulheres ocuparam as ruas do centro de Caracas num ato que entregou as 13 milhões 287 mil 742 de assinaturas da campanha "No Más Trump" (Não mais Trump) à vice-presidenta da Venezuela, Delcy Rodríguez, e ao chanceler, Jorge Arreaza, que lideram a comitiva venezuelana no 74º período de sessões da Assembleia Geral das Nações Unidas, com início nesta terça-feira (24).  

O abaixo-assinado junto com uma carta que exige o levantamento das sanções e que o secretário geral da ONU, Antônio Guterres, atue de acordo com a carta de princípios do organismo e intervenha contra as políticas hostis da Casa Branca.

"As mulheres alçam sua voz para que deixem a Venezuela em paz para seguir seu destino, construir uma sociedade justa, de progresso e cooperação entre todos os países", disse a brasileira Maria do Socorro Gomes, presidenta do Conselho Mundial da Paz.

Edição: Rodrigo Chagas