PAUTA NERD

Entenda a importância das animações japonesas no combate aos transtornos psicológicos

O anime Neon Genensis Evangelion demonstra a vivência com a depressão

São Paulo (SP) | Brasil de Fato |

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Produzido pelos estúdios GAINAX e Tatsunoko e dirigido por Hideaki Anno, Evangelion atingiu recordes de audiência em sua época.
Produzido pelos estúdios GAINAX e Tatsunoko e dirigido por Hideaki Anno, Evangelion atingiu recordes de audiência em sua época. - Reprodução Netflix

Quando a gente fala de cultura japonesa aqui no Brasil, há um preconceito velado. Esquecemos de deixar em evidência, por exemplo, algumas animações (animes) e quadrinhos (mangás) importantes para a história da cultura mundial.

A quantidade de animações que a cultura japonesa tem a oferecer, principalmente por meio do desenho (que tem suas características próprias), depois de tantos anos de estereótipo, é digna de ser vista sem preconceitos.

Um dos animes de grande sucesso no Japão foi o Neon Genesis Evangelion (新世紀エヴァンゲリオン ou O Evangelho de uma Nova Gênesis) no estilo mecha — uma ficção científica japonesa com robôs gigantes. A série tem 26 episódios e foi lançada no Japão em 1994, mas chegou ao Brasil apenas em 1995. 

A ideia central de Evangelion é mascarar, por meio da ação de luta entre os robôs e os anjos, detalhes sobre a ansiedade, a depressão e todos os traumas e doenças psicológicas que afetam a sociedade, mas são vistos com preconceito, sem a seriedade que normalmente é atribuída a uma doença.

A animação se passa na Tóquio (capital do Japão) de um futuro alternativo. 15 anos após um cataclismo global, conhecido como "Segundo Impacto", a Terra foi quase toda destruída e atacada por seres alienígenas. Para evitar a destruição do planeta, uma organização governamental ("Nerv") preparou robôs gigantes para combater 13 novos alienígenas, que são chamados de Anjos e invadem novamente o mundo para destruir a humanidade.

Reprodução: Netflix.

Esses robôs são chamados de Evangelions, produzidos de forma misteriosa, com a mistura de inteligência artificial e o cérebro dos pilotos. A diferença é que existem apenas máquinas em funcionamento, e apenas três pilotos podem controlá-las: os adolescentes Shinji Ikari, Rei Ayanami e Asuka Langley Soryu, todos com 14 anos. Além da grande responsabilidade de salvar o planeta, cada um dos adolescente carrega consigo algum tipo de transtorno psicológico.

O personagem principal Shinji Ikari nos faz perceber, ao longo da série, o que é lidar com a depressão na prática. Ele tem uma relação muito difícil com o pai, com as colegas de sala e com os próprios desejos. 

Essa série também aborda relacionamentos abusivos, parentais, as doenças psicológicas em geral, a questão governamental e a política por trás do desenho. Por ser de 1994, há problemas. Mas, para a época, as personagens femininas também são muito fortes. 

O Evangelion também usa muito dos temas religiosos para explicar sua própria condição. Todo o sistema criado: os Evangelions, os Anjos, a Nerv e a estética do desenho representam uma grande metáfora para falar sobre diversas religiões, como o Cabala, o Cristianismo, o Judaísmo e até mesmo o Xintoísmo. 

Todo esse conteúdo está na Netflix é se tornou um exemplo para entender a importância de mutirões para prevenção do suicídio e da depressão, como o setembro amarelo. Por meio dos quadrinhos, das séries, dos filmes e tudo o que engloba a cultura pop, é possível ter meios para entender o nosso mundo e a nossa sociedade. É isso que Evangelion faz. 

Como todas as outras séries e quadrinhos, filmes e livros, traz uma realidade a partir de uma ficção. Nada daquilo, de fato, é real, mas ele traz elementos da nossa realidade. 

Edição: Michele Carvalho