‘É Primavera, te amo’: na cidade de João Pessoa, Ipês amarelos são tapete nos bosques

A Primavera é a estação do amor: o estado cósmico em que os seres desabrocham em beleza, cores e harmonia. É, principalmente, a estação mais social que existe. A mudança na paisagem faz com que as pessoas fiquem mais alegres e comunicativas.
Primeiro lugar do continente americano a receber luz solar, a cidade de João Pessoa, na Paraíba, é considerada uma das mais verdes do mundo: algo em torno de 32% do seu território possui vegetação perene. A ONU estabelece que, para uma cidade estar bem arborizada, tem que apresentar 12 m² de área verde por habitante – João Pessoa possui 47,11 m². 
Flamboyant vermelho – foto: Reprodução
Com a chegada da Primavera, várias localidades veem a mudança na paisagem, a exuberância do verde em suas principais avenidas, calçadas, canteiros centrais e praças. No meio viário do município há bastantes árvores, e quando chega a Primavera, começam a brotar as flores. Boa parte das espécies florescem nesse período, num processo se estende até o verão. 
Jasmim-manga  – foto: Reprodução
O grande destaque são os Ipês amarelos espalhados pela cidade (tem até o Bairro dos Ipês em homenagem ao espécime ) mas, principalmente, os que vestem o chão com pétalas – chamado de “florada dos ipês” – no Parque Solon de Lucena, talvez o maior cartão postal local. Este espetáculo dura cerca de um mês e os moradores da cidade ocupam o espaço para curtir a floração, juntamente com a família.
Florada dos Ipês no Parque da Lagoa – Foto: Assuero Lima 
O bosque tem vários outros espécimes: 215 Palmeiras e outras 738 árvores nativas como Pau-Brasil, Sibipiruna, Gameleiras, Oitizeiros, Pitombeiras, Ipês amarelos, róseos e roxos, e algumas árvores exóticas como o Fícus macrocarpa, Castanholas e a Cássia Ferruginha.
Palmeiras no Parque da Lagoa – foto: Reprodução
Anderson Fontes é Engenheiro Agrônomo e diretor de Controle Ambiental da Prefeitura Municipal de João Pessoa, trabalha com árvores urbanas em João Pessoa há 30 anos. Ele conta que a vivificação do verde já começa nos locais onde há o habitat natural da vegetação, ou seja, nos parques, áreas verdes e reservas florestais: “Aqui no nosso município, a vegetação já começa a se destacar e aflorar, primeiro, no seu habitat natural, antes mesmo das flores e árvores que estão localizadas nas ruas, avenidas, praças e canteiros centrais, porque há uma certa influência do próprio habitat natural, onde elas desenvolvem, e começam a mostrar seu embelezamento antecipadamente”, explica ele.
Ipê roxo – foto: Reprodução
Na capital, as principais avenidas arborizadas são: a Avenida Ministro José Américo de Almeida, as Três Ruas dos Bancários, Avenida Maximiano Figueiredo – mesmo sendo árvores Mangueiras, tem suas florações – o Parque da Lagoa e a Praça da Independência. Todos elas apresentam árvores florando, plantas arbustivas e herbáceas.
A Primavera não é sublime apenas pelas flores e árvores, mas, também, pelas folhagens mais vistosas e o caule que também apresenta mudanças neste período porque as árvores florescem se preparando para, logo mais, entrar na frutificação: a mãe árvore irá dar ao mundo mais filhotes. Elas costumam apresentar uma coloração e uma beleza nas folhagens e, principalmente, algumas características nos troncos que nem sempre as pessoas conseguem perceber.
A antiga Filipéia de Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa, também é conhecida como a Cidade das Acácias, notadas, principalmente, ao longo da avenida Epitácio Pessoa.
Acácias – foto: Reprodução
Outro destaque são as árvores frutíferas, o jambeiro e a mangueira. Das essências florais são residentes principais: o jasmim-laranja, jasmim-manga, o buquê de noiva, as helicônias, que ocupam a Praça da Independência e o Flamboyant com grande vivacidade na Primavera. Todas com a soberania e exuberância na sua Copa, folhagens verdes bem vigorosas. Espalhadas pela cidade. Dos arbustos, vê-se com frequência o Ipezinho de Jardim e o Flamboyant Mirim.
Ipezinho de jardim – foto: Reprodução 
Buquê de noiva – foto: Reprodução
Destaque, também, para o Pau-brasil com dois grandes bosques em João Pessoa: um na Praça da Independência e outro no Parque da Lagoa. O Oitizeiro, que é uma árvore nativa, de grande porte, está em frente ao Colégio Pio X, na Avenida Monsenhor Walfredo Leal e na Odon Bezerra, no centro da cidade. Há também as Palmeiras que ocupam o Parque da Lagoa – o maior anel interno de Palmeiras do Brasil. Destaque também para os Ficus microcarpa da Praça Rio Branco. Anderson Fontes detalha que a cidade tem alguns parques bem definidos como o Parque da Lagoa, o Parque Arruda Câmara (conhecido como Bica) e o Parque do Cuiá, no bairro do Valentina Figueiredo. 
Helicônias – foto: Reprodução
“Temos um sistema municipal de área protegida bastante eficaz, um Plano Municipal de Mata Atlântica, também, bastante coeso, e o destaque maior é para a nossa área da Mata do Buraquinho, que corresponde a 15% da área verde da cidade com 575 ha de diâmetro, é o pulmão verde do município, e uma das áreas verdes do bioma Mata Atlântica ainda preservada no nosso país”, explana Anderson.
Ipês – Parque Solon de Lucena – foto: Reprodução
A cidade é realmente bastante arborizada, e a população preserva a cultura de plantar muitas árvores nos quintais e jardins. Isso faz com que seja reconhecidamente verde e alegre, como nos conta Anderson: “Temos comprovado e, tecnicamente verificado, que a Primavera traz a mudança na paisagem de João Pessoa e faz as pessoas ficarem mais alegres, o cidadão fica mais comunicativo, mais participativo quando vê as espécies aflorando”. 
A Primavera mostra que é tempo de festa, das cores, e de renascer e florescer.