Rio Grande do Sul

EDUCAÇÃO

Universidades gaúchas aderem à Greve Nacional da Educação de 48 horas

Em Porto Alegre, paralisação encerra com ato na Esquina Democrática, nesta quinta-feira (03)

Brasil de Fato | Porto Alegre |

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Diversas instituições gaúchas paralisam suas atividades em defesa da educação nos dias 2 e 3 de outubro
Diversas instituições gaúchas paralisam suas atividades em defesa da educação nos dias 2 e 3 de outubro - Foto: Marcelo Ferreira

Nesta quarta-feira (2), teve início a greve nacional de 48h de estudantes e professores de universidades contra os ataques do governo de Jair Bolsonaro (PSL) aos recursos voltados para o ensino superior público. Em Porto Alegre, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) paralisaram suas atividades. No final da tarde de quinta-feira (3), acontecerá o ato em Defesa da Educação e da Ciência, na Esquina Democrática, na região central da capital gaúcha, a partir das 17h. Movimentos sociais e sindicais, e trabalhadores e trabalhadoras se somarão à luta dos estudantes, também na defesa do emprego e da aposentadoria.

As demais instituições de ensino do Estado também aderiram, completa ou parcialmente, à greve de 48h. Em Pelotas, a Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) e o Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul), paralisaram suas atividades. Na quinta-feira (3), a partir das 14h, ocorrerão atividades culturais, na Praça Coronel Pedro Osório, e, às 17h, ocorrerá uma manifestação nas ruas de Pelotas.

No Sul do Estado, a Universidade Federal do Rio Grande (FURG) também aderiu à paralisação, bem como a Universidade Federal do Pampa (Unipampa), onde os servidores promovem, nesta quarta-feira (2), um debate sobre o programa Future-se, na Biblioteca Pública Municipal de Bagé. Na região central, a Universidade Federal de Santa Maria paralisou alguns setores, como laboratórios, restaurante e bibliotecas, mas os estudantes entraram em greve por tempo indeterminado. No campus de Erechim, a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) promove uma série de aulas públicas nos dias 2 e 3.

A forte mobilização da educação, que vem acontecendo desde maio, começa a surtir efeito, como o anúncio do descontingenciamento de cerca de R$ 1,990 bilhão feito na segunda-feira (30) pelo Ministério da Educação. O desbloqueio será parcial e não reverterá a precarização resultante do bloqueio iniciado em abril. Cerca de R$ 3,8 bilhões permanecem contingenciados. De acordo com a Assufrgs Sindicato, entidade que convocou a greve nas instituições de Porto Alegre, o anúncio não desmobiliza, “pelo contrário, comprova a falácia dos argumentos do atual governo e reforçam que a Tsunami da Educação é mais do que necessária”.

Estudantes mostram relevância de suas pesquisas com o Universidade na Rua | Foto: Divulgação UEE 

Em vídeo publicado nas redes sociais, a presidenta da União Estadual dos Estudantes (UEE-RS), Gerusa Pena, conclama os estudantes e toda a comunidade para se somarem na luta, na capital gaúcha e no interior do Estado. Ela também divulgou a ação denominada “Universidade na Rua” que está acontecendo nesta tarde, no largo Glênio Peres, no centro de Porto Alegre, em que estudantes expõem suas pesquisas. O objetivo é “mostrar para a população o que é produzido nas universidades”, explica.

Márcia Tavares, da Assufrgs Sindicato, lembra que, atualmente, além do processo de cortes de orçamento que se acumulam ao longo dos anos, existem os ataques a diferentes grupos sociais e aos direitos conquistados em áreas como previdência, saúde e segurança, bem como ao serviço público, que é quem dá assistência à sociedade. Ela também critica o projeto Future-se: “Em um momento que um governo desses ataca as liberdades individuais, que considera a educação como sua inimiga número um, queremos a preservação da universidade da forma como está hoje, com o seu ordenamento jurídico, trabalhista. O Future-se vai atacar a carreira dos docentes e técnicos, o ordenamento jurídico, pedagógico, e patrimonial”, aponta.

Trabalhadores se somam na luta 

A CUT-RS convocou os trabalhadores e as trabalhadoras a participarem do ato ao lado dos estudantes e professores, em defesa da educação, do emprego e da aposentadoria. Para Claudir Nespolo, presidente da central, a educação e a saúde não podem ser tratadas como mercadorias pelo governo. “Queremos mais investimentos públicos e salários decentes para fortalecer a educação pública e garantir o futuro dos nossos jovens”, aponta. Para ele, é preciso defender também geração de empregos com carteira assinada para combater o desemprego, a informalidade e a precarização do trabalho, e estimular a retomada do crescimento econômico. “Após quase dois anos de vigência, a reforma trabalhista não cumpriu a promessa de criar milhões de empregos. A mentira virou um tremendo fracasso e quem está pagando o pato é trabalhador e a trabalhadora”, denuncia.

Paralisação nacional 

As paralisações fazem parte de uma agenda nacional de greves convocada por entidades representativas de docentes, técnico-administrativos e estudantes – Fasubra, UBES, UNE, FENET, ANPG, ANDES-SN e Sinasefe. As pautas são a derrubada do projeto Future-se; os cortes de recursos nas Instituições Públicas de Ensino, do CNPQ, da CAPES, do PNAES e do FUNDEB; a intervenção do governo na escolha dos dirigentes das Instituições Federais de Ensino; a militarização das escolas e a retirada de direitos dos trabalhadores. Conforme lista divulgada pela UNE na noite desta terça-feira (1), pelo menos 20 estados e o Distrito Federal terão atos na quinta-feira (3).

Edição: Marcelo Ferreira