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TRANSPORTE

Privatização do metrô de BH deve gerar tarifa ainda mais cara e menos usuários

Assunto foi discutido na Câmara Municipal de BH nesta segunda (14)

Belo Horizonte |
Audiência pública discutiu a privatização do metrô de Belo Horizonte/Contagem e os impactos no transporte público no município
Audiência pública discutiu a privatização do metrô de Belo Horizonte/Contagem e os impactos no transporte público no município - Bernardo Dias / CMBH

Aconteceu nesta segunda-feira (14), na Câmara Municipal de Belo Horizonte, audiência pública conjunta para debater as ameaças de privatização da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). A empresa, pertencente à União, é responsável pelos metrôs de Belo Horizonte, Recife, João Pessoa, Maceió e Natal.

A ameaça de privatização do metrô de BH ganhou fôlego no governo Bolsonaro (PSL), depois que o Conselho do Programa de Parcerias e Investimentos da Presidência da República publicou, no mês de maio, a Resolução nº 60. O documento opina a favor da inclusão da CBTU no Programa Nacional de Desestatização. Em setembro, Bolsonaro publicou decreto incluindo a CBTU (CBTU) e a Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre S.A. (Trensurb) em uma lista de estatais a serem entregues ao setor privado até 2022.

Ainda em maio, a CBTU obteve autorização para aumentar a tarifa nas capitais onde administra o serviço. Em Belo Horizonte, a passagem, que permaneceu durante 13 anos a R$ 1,80, está sendo reajustado a cada dois meses, até chegar aos atuais R$ 3,40. Em março do ano que vem, o usuário passará a pagar R$ 4,25 por viagem.

Efeitos da privatização

A metroviária Alda Santos, diretora do Sindimetro-MG, alertou para os possíveis efeitos da privatização. “O usuário vai ter que pagar mais caro. A R$ 3,40, o metrô já perdeu milhares de usuários. Quem tem um ônibus mais próximo vai preferir pegar o ônibus. Isso é excluir o trabalhador. E isso com desemprego de 12 milhões de pessoas”, ponderou.

De acordo com Adão Guimarães, representante da CBTU em Belo Horizonte, o metrô de BH está sem receber novos investimentos há cerca de 15 anos, salvo em 2013, quando houve a compra de 10 novos trens. A população da Região Metropolitana ultrapassa os 5 milhões. A única linha de metrô disponível, com 28 km, 19 estações e 35 trens, já chegou a atender 250 mil usuários por dia e, atualmente, atende a cerca de 180 mil.

“O transporte público, hoje, está vivendo uma redução de demanda. É lógico que várias circunstâncias estão levando a isso. No metrô, a tarifa tem um peso forte porque tivemos um aumento repentino em pouco tempo. Além disso, temos uma concorrência muito grande com os aplicativos”, ressaltou Adão.

O representante da CBTU também recordou que, caso a empresa seja privatizada, trabalhadores podem ser demitidos e direitos devem ser retirados. “Temos exemplos do metrô do Rio de Janeiro, que era público, do governo do estado, e foi privatizado. De imediato, de 3200 empregados, baixou para 1500”, lembrou. 

Participação

A mesa foi composta pelo deputado federal Rogério Correia (PT), autor do requerimento, da deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT) e dos vereadores Pedro Bueno (Podemos) e Arnaldo Godoy (PT). Também estiveram presentes as diretorias dos sindicatos dos metroviários de Minas Gerais (Sindimetro-MG) e Pernambuco, outras organizações sindicais e associações populares e um representante da CBTU, Superintendência de Belo Horizonte.

Edição: Joana Tavares