Paraíba

MENINADA DE LUTA

Encontro Estadual dos Sem Terrinha dá lição de solidariedade e vida saudável

Cerca de 300 crianças de diversas localidade vieram brincar e compartilhar alimentos saudáveis

Brasil de Fato | João Pessoa - PB |

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“Bandeira, bandeira, bandeira vermelhinha / O futuro do Brasil está na mão dos Sem Terrinha”
“Bandeira, bandeira, bandeira vermelhinha / O futuro do Brasil está na mão dos Sem Terrinha” - Delosmar Magalhães

O direito à infância e à brincadeira também é um direito humano. Nesta quarta-feira (16) foi realizado o Encontro Estadual dos Sem Terrinhas da Paraíba 2019, dentro da  25ª Jornada Nacional das Crianças Sem Terrinha. O evento aconteceu durante o dia todo no Lyceu Paraibano, e contou com diversas atividades, brincadeiras, palhaços, jogos, atividade física, oficinas de dança, contação de histórias, palestra e apresentação de trabalho em grupo. No final, as crianças marcharam até o Hospital Napoleão Laureano (referência no tratamento de câncer no estado), levando alimentos oriundos da Agricultura Familiar, saudáveis e livres de agrotóxicos, para demonstrar solidariedade, cultivo e estímulo à uma vida sem veneno.
Foto: Grupo Imburana
Gilmar Felipe, do  setor de educação do MST, conta que o movimento se preocupa com a construção de novos valores no fortalecimento da identidade dos sujeitos, identidade cultural, do agricultor, do camponês: “Hoje temos um espaço específico para as crianças, para a infância dentro do MST, e dedicamos uma parte do nosso tempo a pensar nesse momento da vida, que é o das crianças, compreendendo a vida como uma totalidade, e que a sua história, marcada pelo sujeito que luta, que busca seus direitos e melhores condições de vida”, conta ele.
Gilmar acrescenta que a energia das crianças é sempre algo que surpreende porque estavam esperando a criançada numa conjuntura difícil da luta e elas não pararam de brincar, de pular e de sorrir: “A gente fica sempre maravilhado, contagiado e renova as nossas esperanças, a energia e a alegria de lutar. Porque as crianças lutam do seu jeito inocente”.
Gilmar Felipe - Foto: Cida Alves
Ele comemora que a meta era entregar para o Hospital Napoleão Laureano: 300 de kg de inhame, 100 de kg batata, 100 de kg mamão, 100 de kg de macaxeira e 300 bananas, mas que as quantidades foram ultrapassadas! “Hoje temos um problema de saúde pública, uma população doente pela comida. Porque que essa comida está cheia de veneno, não tem mais limite para usar veneno Brasil. E os sem terrinha, estamos afirmando, nós vamos lutar pelo nosso direito à alimentação saudável, e esse direito a gente não quer só para a gente do campo. A gente quer para toda a população”, destaca ele.
Entrega dos alimentos ao Hospital Napoleão Laureano Foto: Lucas Chaves
Yasmin Bezerra, de 11 anos, contou na ocasião, como se sentia: “O evento está sendo muito legal. Não é o primeiro que participo, já fui para vários estaduais, nacionais, e conheci várias pessoas. Hoje a gente tocou muito sobre o assunto de alimento saudável e também falamos um pouco sobre dança porque teve uma apresentação aqui. E também falamos um pouquinho sobre os livros, e teve oficineiros aqui que trouxeram alguns livros. E também estou muito ansiosa para a marcha para o Hospital Napoleão Laureano”.
Yasmin Bezerra -  Foto: Delosmar Magalhães
Vinícius Rafael de 12 anos gostou das brincadeiras, da cultura, das palestras: “É muito interessante ver muita gente, de regiões diferentes, eu conheci muita gente fiz muitos amigos. Na parte da manhã falamos sobre alimentação saudável, que não pode ser industrializado e não pode ter agrotóxico. E isso é muito importante, tem que levar para casa para que a gente possa evoluir mais, e não fazer mais isso no futuro... ter um futuro melhor”.
Vinicius Rafael  Foto: Cida Alves
Nara Souza, professora de dança, conta como surgiu a ideia da oficina de dança para as crianças de movimentos sociais: “Eu recebi o convite de Manowey, que faz parte da organização, e como eu trabalho com danças populares, planejei algo bem popular, com danças regionais. E passei a vivência com eles de forma bem infantil, solta, passei dança da região sul, nordeste, centro-oeste, norte. Todo mundo se divertir, para mim, foi muito gratificante. E a cultura popular está dentro do movimento popular. Algumas danças, eles não conheciam, como por exemplo, o Cacuriá que é de São Luís do Maranhão, que tem muito rebolado e a letra da música fala de bicho, jacaré, jabuti”.
Nara Souza - Foto: Grupo Imburana
Gilmar destaca a participação das diversas organizações para a realização do evento: “Importante destacar o quanto as pessoas se juntam em torno da coletividade, da organização política, então tivemos apoio de todo mundo que quer um mundo melhor: artistas populares, professores universitários, vários sindicatos, apoio do próprio Lyceu Paraibano, pessoas de espaços institucionais, de governos, mandatos, estudantes, foram todos importantes nesse processo”, conclui ele.

Foto: Cida Alves Foto: Cida Alves Foto: Cida Alves Foto: Cida Alves Foto: Delosmar Magalhães Foto: Delosmar Magalhães

Edição: Cida Alves