Neoliberalismo

Ato em SP denuncia mortos e desaparecidos durante protestos populares no Equador

"Apesar da repressão, mostramos que América Latina não quer as políticas do FMI", diz militante camponês equatoriano

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular participaram da manifestação e denunciaram violência da polícia nacional contra protestos
Frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular participaram da manifestação e denunciaram violência da polícia nacional contra protestos - Juca Guimarães

Os protestos de rua que eclodiram no Equador, no começo de outubro, durante a das maiores crises políticas dos últimos tempos no país tiveram como alvo a austeridade de Lenin Moreno.

Respondendo a exigências de um empréstimo do Fundo Monetário Internacional (FMI), o governo equatoriano anunciou um pacote de medidas recessivas, como o aumento do preço dos combustíveis e a revisão nas regras das aposentadorias. Manifestações ocorreram durante 10 dias em todo o país. Moreno terminou recuando e revogou o decreto que aumentava o preço dos combustíveis em 123%.

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Nesta sexta-feira (18), movimentos e organizações populares do Brasil fizeram um ato de solidariedade à população equatoriana em luta pela manutenção da democracia e das conquistas sociais. A manifestação aconteceu em frente ao consulado do Equador, no bairro da Bela Vista, região central de São Paulo (SP).

A Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo participaram do protesto para denunciar a repressão violenta aos protestos por parte do governo de Lenin Moreno, que, segundo levantamento das Frentes, já soma oito mortes, 120 desaparecidos, 1800 presos e 150 pessoas torturadas em recintos policiais e militares. 

“O governo desatou uma repressão brutal contra os manifestantes. Houve um acordo no último final de semana, com a mediação da Igreja e da ONU, diminuíram os protestos, mas ainda há muitas violações dos Direitos Humanos, perseguição e presos políticos porque são contra o governo. Estamos aqui para solidarizar com os equatorianos e para dizer que a luta deles é a nossa luta no Brasil e dos povos latino americanos”, disse Paola Strada, do capítulo Brasil da Alba Movimentos. 

O presidente Lenin Moreno se elegeu com uma campanha de bandeiras progressistas e com o apoio da Revolução Cidadã, coalização popular contra as políticas neoliberais. Depois de eleito, Moreno mudou a posição política e iniciou uma ampla agenda antipopular.

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O equatoriano Richard Intriago, do movimento nacional camponês, estava no protesto e fez uma análise das mudanças radicais na política do país. 

"Passamos de um governo que tinha políticas mais progressistas, mais próximo do povo, na saúde, na educação, a uma política de extrema direita neoliberal, a favor dos interesses do governo dos EUA, seguindo a receita imposta pelo FMI e o Banco Mundial. Estão aplicando medidas econômicas contra o povo equatoriano e a favor dos mais ricos do país", relata.

Segundo ele, com a radicalização das medidas de arrocho de Lenin Moreno resultou na revolta popular das últimas semanas. "O passo atrás de Moreno foi uma vitória do povo equatoriano, que esteve dez dias nas ruas. Nos custou muitos mortos, feridos, desaparecidos, muitos companheiros e companheiras violentados pela polícia nacional. Mas foi um exemplo para todo o continente de que não queremos as políticas do FMI e do Banco Mundial e não permitiremos que avancem", argumenta

Edição: Rodrigo Chagas