Resistência

Editorial | Na defesa pela educação, o povo resiste e constrói um novo mundo

É necessário apontar a urgência por um projeto de educação que atenda aos interesses da população trabalhadora

Brasil de Fato | Natal (RN) |
Durante todo mês de outubro, o RN foi marcado com uma onda de mobilizações sociais em defesa da educação
Durante todo mês de outubro, o RN foi marcado com uma onda de mobilizações sociais em defesa da educação - Charge: Joaquim Neto

O mês de outubro, no qual comemoramos o dia dos professores, tem marcado o Rio Grande do Norte com uma onda de mobilizações sociais em defesa da educação: o pontapé inicial foi o XX Congresso da União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas de Natal, que dialogou com jovens de mais de 90 escolas da região e realizou uma paralisação de 24 horas; e o XXI Congresso de Estudantes da UFRN, que contou com mais de 170 representantes de 40 cursos da instituição em diferentes campis no estado. Essas atividades não surgem espontaneamente, são resultados de um longo processo de diálogo com professores, trabalhadores das instituições de ensino e estudantes que veem nos posicionamentos do governo Bolsonaro um risco à manutenção da educação pública, gratuita e de qualidade.
Ousamos afirmar que a comunidade acadêmica, ao construir essas lutas, resgata o legado de Paulo Freire na prática cotidiana, gritando que “se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”. É em acordo com essa ideia a necessidade de apontar a urgência de construção de um projeto de educação que atenda as necessidades e os interesses da população trabalhadora, para superarmos coletivamente nossos problemas e construir um novo mundo, do qual sejamos protagonistas.
A educação com base na ciência e na democracia é uma resistência a todo projeto de sociedade que se sustenta na ignorância para ser aceito, e cabe a nós, povo brasileiro, permanecer na luta caso queiramos compreender as nossas raízes e avançar na superação dos problemas históricos que passamos: fome e miséria entre a população mais pobre; desemprego, precarização e retirada de direitos; negação da habitação e da moradia nas periferias urbanas; sucateamento e mercantilização da saúde; e ausência de terra para os camponeses, diante dos grandes latifúndios improdutivos. 
Se quisermos avançar na resolução dos problemas coletivos, defender direitos e resistir aos ataques antipopulares precisamos avançar na educação. É necessário fortalecer os projetos de educação popular nas comunidades com experiências de programas de extensão que levem estudantes universitários aos bairros e aos assentamentos rurais; com projetos de cursinhos populares ajudando a encher a universidade de povo; com ações de solidariedade ao acolhimento e cuidado com as filhas e filhos de trabalhadores que entram numa universidade não preparada para essas pessoas; com o diálogo cada vez mais fortalecido entre escolas e comunidades, conversando sobre quais as dificuldades que temos e qual o projeto de educação precisamos.
Se os inimigos do povo insistem em avançar com ataques antidemocráticos, por meio da exclusão educacional dos jovens, colocando a educação doutrinadora como mercadoria, cabe a nós socializar o conhecimento pelo diálogo. Ou, como diria o nosso patrono, “é preciso ter esperança, mas ter esperança do verbo esperançar. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo”.
 

Edição: Isadora Morena