Rio de Janeiro

Geopolítica

Entenda mais sobre os impactos da rota da seda chinesa na América Latina

Iniciativa foi tema do 5º Ciclo de Seminários de Análise da Conjuntura, do Instituto Tricontinental, no Rio de Janeiro

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Venezuela, Uruguai, Chile, Equador e Peru são alguns dos países que já assinaram acordo com a China para participar do projeto
Venezuela, Uruguai, Chile, Equador e Peru são alguns dos países que já assinaram acordo com a China para participar do projeto - Reprodução

Qual o impacto da nova rota da seda na América Latina? Este foi o tema do 5º Ciclo de Seminários de Análise da Conjuntura Mundial realizado pelo Instituto Tricontinental e o Núcleo de Estudos sobre Geopolítica, Integração regional e Sistema mundial (GIS/UFRJ) nesta terça-feira (29), no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Na última segunda-feira (28),  o economista e ex-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS, Paulo Nogueira Batista, participou do Programa Brasil de Fato RJ para explicar a importância da nova rota da seda para o contexto global e latino-americano.

Durante a entrevista concedida à apresentadora Denise Viola, Batista explicou que a rota da seda é um projeto de política internacional que foi lançado em 2013 pela China, com a ideia de retomar a “velha” rota da seda que ligava a China à Europa, ao Oriente Médio e à África. Para o economista, a aposta chinesa é ousada e se enquadra dentro de um dos maiores projetos na área de infraestrutura do mundo.

“A ideia é fortalecer as conexões marítimas entre o extremo oriente da Ásia e outras regiões do mundo, notadamente Oriente Médio, Europa  e norte da África. Esse é o sentido do projeto. É um grande projeto que tem sido comparado ao Plano Marshall, feito pelos Estados Unidos depois da Segunda Guerra Mundial. Na realidade, a América Latina não estava no alvo principal dos chineses quando eles lançaram em 2013, mas os chineses estão sendo muito ambiciosos e o projeto vai ganhando corpo”, detalhou Batista.

Apesar de não estar na proposta original, Venezuela, Uruguai, Chile, Equador e Peru são alguns dos países que já assinaram acordo com a China para participar do projeto desenvolvimentista. Por sua vez, Colômbia, Argentina, Brasil e México ainda não se posicionaram. De acordo com o ex-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS, há uma questão relacionada ao alinhamento ideológico que implica na omissão de alguns países latino-americanos.

“Eu tenho a impressão que alguns países da América Latina não assinaram o memorando de entendimento com a China para a nova rota da seda porque temem desagradar os Estados Unidos. O memorando de entendimento não é um documento que compromete juridicamente é só uma declaração política de interesse. O Brasil poderia ter feito, mas, por temer desagradar os Estados Unidos, o governo brasileiro está adiando essa decisão”, explicou. 

O debate contou também com a participação de Monica Bruckmann, coordenadora do GIS/UFRJ, e Saturnino Braga, presidente do Centro Celso Furtado. Mais informações sobre as atividades promovidas pelo Ciclo de Seminários de Análise  da Conjuntura Mundial podem ser encontradas na página da iniciativa no Facebook.

*Texto: Jaqueline Deister | Entrevista: Denise Viola 

Edição: Mariana Pitasse