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Ligação com caso Marielle faz tropa de choque de Bolsonaro partir para cima da Globo

Emissora é chamada de canalha, sensacionalista e leviana; Sergio Moro pede à PGR que entre na investigação

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Presidente condenou reportagem e afirmou que não tem relação com assassinato de vereadora
Presidente condenou reportagem e afirmou que não tem relação com assassinato de vereadora - Foto: Madoga Ikegami/Pool/AFP

A reportagem do Jornal Nacional ligando o presidente Jair Bolsonaro (PSL) ao assassinato da vereadora carioca Marielle Franco fez integrantes do governo saírem em defesa do chefe, com ataques à TV Globo. A matéria mostrou que Élcio de Queiroz, acusado de envolvimento no crime, visitou o Condomínio Vivendas horas antes de o crime ser cometido, e teria entrado com autorização dada por alguém da casa 58, onde mora o presidente.

Nesta quarta-feira (30), Bolsonaro mandou o ministro da Justiça, Sergio Moro, colocar a Polícia Federal no caso para tomar o depoimento do porteiro do condomínio, que confirmou a versão à polícia civil.

“Estou conversando com o ministro da Justiça e o que pode ser feito para tomar via PF depoimento desse porteiro (…), de modo que esse fantasma que querem colocar no meu colo como mentor seja enterrado de vez”, disse.

Moro ainda não informou se irá atender o pedido, mas solicitou à Procuradoria-Geral da República que entre no caso.

Governo perturbado

O vice-presidente, Hamilton Mourão, disse mais cedo que a reportagem perturbou o presidente. “Não, não dá para derrubar o governo dessa forma, mas que perturba o bom andamento serviço, como se diz na linguagem militar, perturba”, afirmou.

Mourão também criticou a Globo, a quem chamou de sensacionalista e leviana. Segundo ele, a emissora “ignorou a ética, a honestidade intelectual e os fatos para tentar ligar o presidente ao caso Marielle”.

“Doeu em todos nós”

A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, defendeu Bolsonaro no Twitter e disse que se sentiu atingida pela reportagem do Jornal Nacional.

“Com tristeza e ainda em lágrimas perguntou (sic) o que doeu mais em meu Presidente: a facada de Adélio ou a punhalada da Globo? Eu conheço um gigante com coração de criança e que não tem vergonha de chorar quando dói. Mas não doeu só nele, doeu em todos nós. Força Presidente!”.

Olhe o Twitter, Globo!

O deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, também saiu em defesa do pai nas redes sociais. Ele criticou a reportagem, afirmando que Bolsonaro estava na Câmara no dia do crime – fato que foi citado na reportagem da emissora.

“Se a Globo tivesse um jornalismo investigativo sério não faria ilações, conjecturas q (sic) jamais se realizariam. Eles teriam olhado o twitter do JB [Jair Bolsonaro] no dia 14/MAR/18. Ou consultado o registro de presença na câmara. Não dá p (sic) crer que a Globo busca a verdade”, disse.

“Canalhice!”

O vereador Carlos Bolsonaro também criticou a Globo.

“O nível de CANALHICE demonstrado pelos autores da matéria lixo exibida no Jornal Nacional é inadmissível! Os fatos foram deixados de lado para que ficasse no ar a suspeita. Nem eu imaginava que poderiam ser tão imundos! LIXOS ENGANADORES!”, afirmou.

O vereador também publicou um vídeo que supostamente mostra os registros da portaria no dia do assassinato de Marielle. Segundo ele, as imagens mostram que não houve nenhuma solicitação de entrada em 14 de março de 2018.

A Rede Globo divulgou uma nota oficial e recriminou os ataques por parte do capitão reformado. "A Globo lamenta que o presidente revele não conhecer a missão do jornalismo de qualidade e use termos injustos para insultar aqueles que não fazem outra coisa senão informar com precisão o público brasileiro. Sobre a afirmação de que, em 2022, não perseguirá a Globo, mas só renovará a sua concessão se o processo estiver, nas palavras dele, enxuto, a Globo afirma que não poderia esperar dele outra atitude. Há 54 anos, a emissora jamais deixou de cumprir as suas obrigações", diz o texto.

Edição: João Paulo Soares