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Promotora bolsonarista pede afastamento do caso Marielle

Carmen Eliza decidiu deixar o caso após repercussão de foto ao lado de deputado que rasgou placa com o nome da vereadora

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Carmen afirmou que "há anos" não se sentia "tão emocionada", após vitória de Bolsonaro
Carmen afirmou que "há anos" não se sentia "tão emocionada", após vitória de Bolsonaro - Reprodução/Instagram

Carmen Eliza Bastos de Carvalho, uma das promotoras do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) que investigavam o assassinato de Marielle Franco e de Anderson gomes, pediu para deixar de atuar no caso.

A decisão foi anunciada pelo MPRJ nesta sexta-feira (1º) e foi tomada após repercussão na imprensa nacional de uma foto publicada em seu perfil no Instagram ao lado do deputado estadual Rodrigo Amorim (PSL). O parlamentar ganhou fama na direita quando rasgou uma placa com o nome da vereadora do PSOL. Em 2016, Amorim concorreu ao cargo de vice-prefeito no Rio de Janeiro, na chapa de Carlos Bolsonaro (PSC).

A promotora divulgou uma carta aberta em que afirma jamais ter "atuado sob qualquer influência política ou ideológica". "Em razão das lamentáveis tentativas de macular minha atuação séria e imparcial, em verdadeira ofensiva de inspiração subalterna e flagrantemente ideológica, cujos reflexos negativos alcançam o meu ambiente familiar e de trabalho, optei, voluntariamente, por não mais atuar no Caso Marielle e Anderson”, explicou.

 

“Sempre tive certeza de que a minha árdua tarefa de vida seria o combate aos criminosos, que acabam com a paz no Rio de Janeiro”, afirmou a promotora, na legenda da foto com o Amorim (Foto: Reprodução/Instagram)

Na opinião de Tânia Oliveira, da Coordenação Nacional da Associação Brasileira de Juristas para a Democracia (ABJD), a integrante do Ministério Público demonstrou com suas postagens nas redes sociais que "está de um lado da história e isso a coloca como suspeita para investigar o homicídio da vereadora". "É um parlamentar que se elegeu com uma campanha de ódio contra Marielle Franco”, destacou em entrevista ao Brasil de Fato.

“Como ela pode ser uma investigadora do assassinato da vereadora? Justamente contra quem ela apresentou, mesmo que indiretamente, ódio. Ela deveria ser afastada das investigações”, apontou.

Na última quarta-feira (30), a promotora participou da coletiva de imprensa do MPRJ, em que foi desmentida a versão de que o porteiro do Condomínio Vivenda da Barra teria interfonado para a casa de Jair Bolsonaro, que reside no empreendimento, a pedido de Élcio Queiroz, um dos suspeitos de assassinar Marielle, no dia do crime.

Bolsonarista

No dia 1º de janeiro deste ano, Carmen publicou uma imagem da transmissão da posse de Jair Bolsonaro como presidente da República e afirmou que “há anos” não se sentia “tão emocionada”. Meses antes, quando o ex-militar foi eleito, ela celebrou afirmando que acabou o “cativeiro esquerdopata.”

“Patriotismo. Assim que se constrói uma nação. União em prol do Brasil! Família, moral, honestidade, vitória do bem!”, celebrou a promotora em seu perfil no Instagram. A foto com Rodrigo Amorim foi tirada no dia em que Carmen recebeu a Medalha Tiradentes, honraria do Legislativo fluminense.

 

Carmen celebrando a vitória de Bolsonaro, atacou a esquerda (Foto: Reprodução/Instagram)

 

Edição: Rodrigo Chagas